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24 Diário da Câmara dos Deputados

afirmar que faço especulação política lanço-lhes um sorriso de comiseração e, piedade.

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem.

Muito bem.

O orador não reviu.

O Sr. João Camoesas (em àparte): — Já conseguimos que o Sr. Cunha Leal não falasse no nome do Sr. Afonso Costa.

O Sr. Cunha Leal: — O Sr. Afonso Costa é uma galinha que não merece muitos minutos de atenção com ela.

Quando ela ali estiver no poleiro, falaremos. Ver-se há então quem canta de galo.

O Sr. António Maia: Sr. Presidente: o Sr. Carlos Pereira, ao iniciar o seu discurso começou por dizer que era necessário dizer a verdade; e, durante todo o seu discurso, não disse uma única palavra a respeito dêste Govêrno que fôsse verdadeira.

Assim começou por afirmar que o Govêrno tinha promovido a majores os aviadores Sarmento Beires e Brito Pais. Mas o que é verdade é que essa proposta, depois de aprovada nesta Câmara, ainda se encontra pendente do Senado, onde nem sequer ainda foi iniciada a sua discussão.

Isto prova o carinho e amor que o Sr. Ministro da Guerra tem pela aviação militar portuguesa.

Também o Sr. António Maria da Silva disse que o 14 de Maio tinha sido um movimento vitorioso e que por isso tinha ditado leis. Mas, S. Exa. esqueceu-se de dizer que o gesto dos aviadores, tam digno e tam nobre, não foi vencedor porque êles não quiseram, porque tinham elementos para isso, e dos melhores que há no exército.

Não venceram para que nenhum partida da República pudesse dizer que tinha a seu soldo a aviação.

Porém, movimentos há que apesar de vitoriosos, como o 19 de Outubro, encontram a condenação geral da Nação; mas o movimento dos aviadores é, e será sempre, um movimento vitorioso, porque está com êle a alma nacional. Percorrendo-se

Portugal de norte a sul, verifica-se que todas as pessoas estão ao lado dos aviadores e contra o Govêrno.

Nestas condições, pregunto: É um movimento vencido? Não. É um movimento que triunfou, e há-de continuar a triunfar, através do lodo em que tudo está vivendo.

O Sr. Carlos Pereira, querendo dizer que o Govêrno acarinhava e seguia com atenção o raid, afirmou que o Govêrno dera aos aviadores uma gratificação desde o início da viagem.

O Sr. Carlos Pereira (interrompendo): — Eu não falei em gratificações.

O Orador: — Então eu ouvi mal; Sr. Presidente: quando os aviadores chegaram ao Egipto, estava o Parlamento fechado, e o Govêrno disse que não podia dar qualquer gratificação, sem que o Congresso lhe dêsse a necessária autorização: mas no final deu-lha. E a mim não me consta que a esta Câmara e ao Senado o Govêrno tivesse vindo pedir qualquer autorização nesse sentido.

Então para que veio o Sr. Ministro da Guerra para aqui mentir, dizendo que não podia dar qualquer gratificação para mais tarde a conceder?

Sr. Presidente: é o país inteiro, excepto aquele lado da Câmara, que reconhece que o Govêrno não pode continuar no Poder.

Êste Govêrno não tem a confiança da Nação, embora tenha a confiança dos políticos, que querem os seus arranjos e negociatas feitos.

A única cousa que o Parlamento tem a fazer — e estou certo de que não haverá nenhuma nota discordante — é votar o projecto apresentado pelo Sr. Cunha Leal.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. António Maria da Silva: — Sr. Presidente: vou responder a algumas considerações do Sr. Cunha Leal, que por circunstâncias independentes da sua vontade não está presente.

É já vulgar muitas pessoas dizerem que não compreendem nada daquilo que eu digo; mas o que é curioso é que fazem considerações e tiram conclusões —