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Sessão de 23 de Maio de 1924 23

Mas o Sr. António Maria da Silva apoia o Govêrno o não quere deixar o Govêrno mal colocado.

E será por isso que prefere uma amnistia à liberdade provisória para os aviadores?

Quere o Sr. António Maria da Silva considerar que os aviadores procederam mal sob o ponto de vista da disciplina e sob o ponto de vista dos interêsses da República, ou acha absurdo o procedimento havido com os aviadores?

Depois o Sr. António Maria do Silva declara que não enfeudou a sua cabeça a ninguém.

Mas não se trata de enfeudar a cabeça a ninguém.

Somos homens livres a podemos falar como entendermos.

Não entram, pois, na minha inteligência as razões por que o Sr. António Maria da Silva falou do modo como falou.

Se há alguém na Câmara que tenha uma inteligência, que ande tam alto como os aviadores, outros há, que a sua inteligência anda mais baixa.

A minha é assim.

Eu ponho o problema de uma forma que pode ser discutido.

Não voto a amnistia, porque entendo que homens livres têm de justificar o seu procedimento, para legar a sua honra livre aos seus filhos.

Sr. Presidente: disse o Sr. António Maria da Silva que o procedimento dos que se bateram pólo 14 de Maio é diferente dos que foram para a Amadora, porque êles bateram-se pela Constituição; e disse mais, que o 14 de Maio venceu, e o movimento dos que foram para a Amadora foi vencido.

É certo: os homens de 14 de Maio venceram, e o Sr. Norton de Matos foi para o Ministério, e os da Amadora foram para o presídio.

Sr. Presidente: na consciência nacional apenas há a fôrça dos que combateram.

Aceito essa forma, mas o tribunal é que há-de dizer os que venceram.

Apoiados.

Àpartes.

Sr. Presidente: é lá possível que na hora em que um Govêrno, ofendendo o nosso crédito, não por deficiência de honra dos seus homens, mas por uma acção errada, deprecia uma nação inteira (Apoiados), os homens que representam também uma honra dentro do exército, possam também ser ofendidos com uma amnistia?

Àpartes.

E agora, Sr. Presidente, que êsses dois bravos militares, agarrados a um volante, afrontando todos os perigos, confiados no seu valor, alcançaram Macau, não é lícito que companheiros seus, que os acompanharam com toda a sua alma, e os ajudaram assim a praticar mais êste feito heróico que imortalizou o nome de Portugal, continuem presos no Forte de S. Julião da Barra. Não, Sr. Presidente, isso é que não pode ser, visto que representa uma infâmia.

Muitos apoiados.

Torna-se necessário, Sr. Presidente, que nesta hora em que a alma portuguesa rubra do entusiasmo, êsses militares que tam carinhosamente incitaram e protegeram o raid Lisboa-Macau, venham cá para fora e não Continuem presos num forte sem se poderem associar a essas justíssimas manifestações.

Não estou, Sr. Presidente, repito fazendo qualquer especulação política, visto que isso não está nos meus hábitos, e direi até: cobarde, três vezes miserável será aquele que disser que eu estou fazendo especulação política.

Não, Sr. Presidente, não o faço, nem nunca o farei; porém, o que não desejo é que nesta hora de glória para a aviação portuguesa se atire à cara dêsses bravos militares com um projecto de amnistia, que representa para êles uma verdadeira afronta, tanto mais quanto é certo que não é isso o que êles desejam.

Não julgue alguém que existe qualquer especulação política na circunstancia de eu ligar êstes dois factos, mas estamos fartos de ilusionismos o transformismos políticos.

Neste momento a política não pode ser essa cousa baixa: tem de ser uma cousa tam alta, tam nobre, como altos e nobres eram os corações de Brito Pais, Sarmento Beires e Gouveia quando, demandando o espaço, foram ás longínquas paragens que os nossos navegadores descobriram.

Falei sinceramente; os que quiserem acreditem-no. Para os que continuam a