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16 Diário da Câmara dos Deputados

Não tem feito outra cousa senão pretender criar impostos, como se só isso fôsse necessário ao país.

Àpartes.

Sr. Presidente: esta proposta que o Govêrno apresenta é um enxovalho para o Parlamento.

Eu pregunto quais têm sido as medidas que o Govêrno tem tomado que não representem o prejuízo do país. Apenas algumas de somenos importância, sendo o resto tudo que há de mais vexatório e desonroso para o país e para a República.

O Govêrno não tem feito mais do que uma obra de retalhos, e ainda o Sr. Ministro das Finanças tem o arrojo de me dizer que há superavit.

Santo Deus, é abusar de mais da paciência de nós todos.

Vozes: — Ordem do dia.

O Orador: — Esta assemblea, que deve apreciar as medidas mais importantes, não procede assim e abdica das suas nobres funções.

É de mais que o Sr. Presidente do Ministério venha aqui lançar verdadeiros golpes sôbre a Constituição e que o Parlamento se sujeite a isso.

O Govêrno abusa da situação e duma maioria que não sabe o que quere, o que deseja, e assim vivemos numa situação flutuante, em que ora vem o Sr. Afonso Costa; ora vai, ora volta.

Como parlamentar, como republicano, como português, tenho o dever de protestar.

Vozes: — Ordem do dia.

O Sr. Hermano de Medeiros: — Sr. Presidente, quando é que nós entramos na ordem do dia?

Vários àpartes.

O Orador: — O que o Govêrno quere é deminuir o prestígio do Parlamento.

Vozes: — Ordem do dia.

Àpartes.

O Sr. Hermano de Medeiros: — Sr. Presidente: V. Exa. tem de me informar a que horas se entra na ordem do dia.

Àpartes.

O Sr. Presidente: — O que peço é ao orador que se limite ao modo de votar.

Vozes: — Votos, votos.

O Sr. Presidente: — Está uma discussão pendente. Só se entra na ordem quando findar essa discussão.

Vozes: — Ordem do dia! Cumpra-se o Regimento!

O Orador: — Não posso esconder a minha revolta!

Vozes: — Ordem do dia!

O Orador: — Se a Câmara não presta atenção, eu não posso continuar no uso da palavra!

Vozes: — A maioria nada ganha com a violência!

Levantasse grande tumulto.

O Sr. Presidente (dirigindo-se ao orador): — V. Exa. já terminou?

O Orador: — Essa agora?! Então V. Exa. quere que eu fale no meio dêste tumulto?

Continua o tumulto.

Pausa.

O Orador: — Não há dúvida que o Govêrno tem uma capacidade tam grande que o País não pode deixar de lhe agradecer o grande serviço que lhe está fazendo.

O Sr. Presidente: — Peço a V. Exa. que se cinja ao assunto.

O Orador: — Quem é que está fora da ordem, eu ou V: Exa. que não cumpre o Regimento?

Trocam-se àpartes e levanta-se tumulto.

O Orador: — Só tenho pena de não ser aquele Deus omnipotente para lançar um raio que carbonizasse tudo isto para ficar desinfectado!

Pregunto a V. Exa. quando é que se entra na ordem do dia?

O Sr. Presidente: — Depois de liquidado êste incidente.