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Sessão de 10 de Julho de 1924 19

ta Câmara por aqueles — e muitos foram — que usaram da palavra e enviaram moções para a Mesa. Mas, significando que êsse agrupamento dava lugar à formação dum Govêrno com o seu apoio, eu necessitava escolher e indicar a pessoa que mais fàcilmente pudesse congregar para um trabalho útil todos os grupos que se juntaram para votar a moção que foi aprovada, e, assim, indiquei o Sr. Afonso Costa.

Não tenho, Sr. Presidente, de fazer outra espécie de afirmações, porque todos aqueles que estão dentro do bloco e todos aqueles que estão fora dele sentem que efectivamente as minhas palavras são exactas, que correspondem a factos que não podem ser desmentidos e a sentimentos que todos conhecem.

Sr. Presidente: tenho muito orgulho em afirmar neste momento que nem sempre nos períodos, não digo já longos, mas nos largos períodos da minha vida política, nem sempre estive de acordo com o Sr. Afonso Costa na sua forma de agir. Discordei dalguns dos seus actos, discordei de muitas das suas atitudes, e nunca deixei de lho afirmar, quer pessoalmente, quer publicamente. Faltaria, porém, aos deveres que tenho para com a minha própria consciência se não afirmasse que sinto que há o direito de demorar cinco dias a solução duma crise para verificar se efectivamente é possível que o Sr. Afonso Costa assuma o Govêrno.

Apoiados.

S. Exa. é, na verdade, detentor dum tal passado e uma personalidade tam forte, tara inteligente e tam prestigiosa, que não é demais que se espere, cinco dias pela solução duma crise, quando tantas têm sido resolvidas ao cabo de quinze dias, e mais, para afinal assumirem as cadeiras do Poder Governos que muitas vezes nem êsse nome têm merecido.

Mas fica comigo a responsabilidade da indicação que fiz ao Sr. Presidente da República. Embora eu não tivesse conhecimento detalhado do que se passou entre o ilustre Chefe do Estado e os representantes dos vários agrupamentos políticos que foram ouvidos por S. Exa., sou, todavia, levado a acreditar que alguns houve que manifestaram o desejo de que efectivamente fôsse chamado a constituir Govêrno o Sr. Afonso Costa.

Quiseram, porém, as circunstâncias, os factos, e sobretudo os desejos dêsse homem público, que não fôsse êle o encarregado de organizar Gabinete. E, nessas condições, o Sr. Presidente da República teve de seguir as indicações doutros agrupamentos parlamentares.

Devo, no emtanto, afirmar à Câmara, peremptoriamente, que na carta que escrevi ao Sr. Presidente da República não se continham quaisquer palavras que, de perto ou do longe, insinuassem a S. Exa. a dissolução do Parlamento como solução eficaz da nossa crise política, quer essa dissolução fôsse dada em favor do Govêrno a que eu presidia, quer em favor de qualquer outro Govêrno saído fôsse êle de que partido fôsse.

Entendi sempre, e entendo ainda hoje que a dissolução do Parlamento não poderia, nem poderá ser nunca o processo de resolver o nosso problema político. Muitos apoiados da esquerda.

Da adopção dêsse princípio, tam acarinhado por algumas pessoas, não resultaria senão mais um motivo de agitação e de agitação nefasta, absolutamente inútil para a política portuguesa.

Na minha carta não se manifestava, pois, qualquer desejo de dissolução em favor de qualquer Govêrno e muito menos, porque isso seria verdadeiramente absurdo, em favor de Govêrno a que presidi, em favor dum Govêrno que não estava nas cadeiras do Poder com intuitos ou fins políticos.

Apoiados.

Seguidamente o Sr. Presidente da República, em virtude das indicações dos vários grupos políticos representados no Parlamento, novamente mo chamou para me dar a subida honra de constituir Govêrno.

S. Exa. significou-me que nas palavras que lhe tinham sido dirigidas pelo maior dos agrupamentos que constituem o Bloco havia uma clara indicação da maioria no sentido de que fôsse eu b encarregado de formar gabinete.

Nestes termos eu dirigi uma carta ao Directório do Partido Republicano Português, comunicando-lhe o convite que me havia sido feito e fazendo a tal propósito algumas preguntas e estabelecendo algumas condições sem as quais eu não aceitaria ò encargo de formar Ministério,,