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Sessão de 10 de Julho de 1924qq15

ram produzidas e reproduzidas lá fora acerca das tentativas para resolver a crise por forma diversa por que foi resolvida.

Tem-se propositadamente confundido toda a atitude de um grande homem público e republicano, o Sr. Afonso Costa, e eu entendo que não convém ao regime que a figura sôbre todas ilustre de S. Exa. seja colocada em circunstâncias de desprimor ou deminuição daquela grandeza que êle conquistou através de longos anos de lutas pela República.

O Sr. Afonso Costa já por duas vezes foi chamado a Portugal para constituir Govêrno e a Câmara sabe como foram invalidadas as tentativas de S. Exa.

É por isso lamentável que, sendo conhecidos êsses motivos e do domínio público todos os elementos que invalidaram essas tentativas, ainda se procurem fazer afirmações tendentes a deminuir o valor dêsse homem, colocando-o em situação difícil para com o país.

Desejava o Sr. Afonso Costa fazer uma obra de salvação nacional, com a colaboração de todos os agrupamentos da República.

O Sr. Pedro Pita (interrompendo): — E com que direito tinha êle a esperar essa colaboração de nós?

O Orador: — Eu não deixo de falar pelo facto de as minhas palavras não agradarem a V. Exas.

Sabe a Câmara que a invalidação de se ter formado um Govêrno Afonso Costa da primeira vez resultou da oposição sistemática feita por um partido da República contra a formação de um Govêrno Nacional.

Mas para honra de alguns, devo lembrar que não foi todo o partido nacionalista de então que só opôs a que aquele grande homem público formasse Govêrno; foi uma parte apenas dêsse partido, e tanto que originou a breve trecho um esclarecimento da situação política determinando uma scisão nítida e completa de um agrupamento que depois constituiu um grupo absolutamente destacado, nesta Câmara, daquele partido.

Tal foi a história da primeira tentativa do Sr. Afonso Costa para formar Govêrno.

O Sr. Pedro Pita: - É realmente uma autêntica história!

O Orador: — Ainda que pese a alguns dos Deputados que mo escutam, é assim mesmo, sem tirar uma vírgula.

O Sr. Pedro Pita: — Êste partido não está disposto a servir de muleta a ninguém!

O Orador: — A segunda tentativa do Sr. Afonso Costa para formar Govêrno também é interessante, se bem que tenha uma explicação muito mais simplificada e de muito menos interêsse que a primeira, por que não teve acontecimentos políticos da mesma importância e antes foi um simples episódio da actual crise.

Conhece todo o país e especialmente a Câmara os pontos de vista do Sr. Afonso Costa quanto à nossa situação política.

S. Exa. mantém-se intransigente quanto à necessidade que há de um rápido equilíbrio orçamental e de um arranjo de contas rigoroso, por forma tal que o seu procedimento de 1913 tenha inteiramente realização nesta hora ou em qualquer momento que S. Exa. venha tomar conta da administração do Estado, e portanto tendo sido chamado a Portugal para vir resolver uma situação financeira que aparenta ser muito grave, S. Exa. veio naturalmente com êste intuito de organizar um Govêrno que tivesse como primeiro objectivo fazer o equilíbrio nas contas públicas e sanear portanto a atmosfera política do país, toda ela assente em mal-entendidos que derivam do mau estado das finanças.

Quando o Sr. Afonso Costa vinha em viagem para Portugal leu nos jornais que no Parlamento tinham sido apresentados dois documentos, sendo um o relatório económico e financeiro do Govêrno transacto, no qual se expunha o estado financeiro do país, afirmando-se que estávamos em face de um déficit pequeno e muito próximo de um superavit, desde que determinadas propostas fossem aprovadas.

O Sr. Pedro Pita (interrompendo): — Eu não desejava usar da palavra novamente, por isso peço a V. Exa. que me diga se fala em seu nome individual ou em nome do seu partido, porque se é em nome do seu partido eu terei que pedir a palavra,