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18 Diário da Câmara dos Deputados

mero de Srs. Deputados da maioria democrática, do grupo independente e da Acção Republicana.

Todos êles significaram bem claramente o seu desejo de que o Ministério tivesse uma outra composição, sem procurar destruir a linha de conduta política, financeira e administrativa que tinha caracterizado o Govêrno a que eu presidia.

O Sr. Cunha Leal: — Mas não foi com a conclusão que V. Exa. tirou da carta que dirigiu ao Sr. Presidente da República.

O Orador: — V. Exa. precipita-se. Lá vamos.

Efectivamente, eu não podia desconhecer, porque foi do conhecimento de todo o País, que o Sr. Vitorino Guimarães, ao apresentar a sua moção, que obteve a votação da Câmara, significou no seu discurso o que entendia por essa votação, o que ela representava politicamente em relação à existência do Govêrno, e refiro-me em especial ao Sr. Vitorino Guimarães porque foi também S. Exa. quem nesta Câmara exprimiu a opinião do Partido Republicano Português em relação ao actual Govêrno.

E, nesta altura, eu quero agradecer, em meu nome pessoal e no de todos os membros do Govêrno transacto, as saudações que, em nome do seu partido, o Sr. Vitorino Guimarães nos dirigiu, e também significar a S. Exa. e ao seu partido a minha estima e a minha consideração, bem como os meus agradecimentos pelo apoio dado ao meu Govêrno, apoio que nas. ocasiões necessárias não deixou de ser activo e eficaz.

Na realidade, num agrupamento de homens como é ò bloco parlamentar, num agrupamento de homens como é o Partido Republicano Português, ansioso sempre de acompanhar os progressos políticos e sociais, não podia deixar de dar-se uma certa flutuação de opiniões. O contrário seria absurdo, porque seria necessário que o Partido Republicano Português se alheasse, com o bloco, da vida nacional para que não fôsse agitado por todas as ideas, por todos os princípios que se agitam lá fora, e que têm naturalmente a sua repercussão entre nós, traduzindo-se por vezes numa flutuação de opiniões parlamentares. Poderia traduzir-se mesmo, em relação a certas medidas, numa votação que fôsse de hão apoio ao Govêrno, uma votação que correspondesse a uma falta de confiança, mas nunca o bloco parlamentar manifestou numa votação a sua reprovação à política financeira e económica do Govêrno.

Dada a crise que todos conhecem, e que melhor conhecerei eu porque tenho o dever de estar ao facto de todos os seus -detalhes, conhecendo não só aquilo que se revelava ao publico, mas o que era ocultado aos próprios sentimentos de cada um, todos desejando bem servir a República, embora com directrizes diferentes, não podia eu deixar de exprimir ao Sr. Presidente da República o que a tal respeito entendia.

Chamados, porém, os partidos à Presidência da República para darem o seu parecer sôbre a solução da crise, tive o prazer de constatar que, efectivamente, o bloco parlamentar mantinha, em relação ao Presidente do Ministério transacto, a mesma opinião que tivera quando êsse Ministério se havia constituído.

Eu não desconhecia os factos, que não eram só, nem podiam ser, na responsabilidade da maioria parlamentar mas de todo o Parlamento. Não podia desconhecer êsses factos para sôbre êles meditar e a bem da República procurar dar à solução da crise aquela fórmula mais útil aos negócios do Estado, e mais necessária nessa ocasião. Foi por êsse motivo que, usando dum direito que, não pode ser contestado, o Presidente do Ministério cessante dirigiu ao Sr. Presidente da República uma carta em que lhe indicava o seu modo de ver sôbre a solução da crise,

Ainda hoje, porque nenhuma das palavras que se encontram nessa carta, nenhuma das ideas que nela se exprimem contêm, para qualquer membro do Poder Legislativo, para qualquer partido ou para qualquer grupo, o menor sentido pejorativo, ainda hoje penso da mesma maneira por que pensava quando redigi essa carta. O que é que eu significava ao Sr. Presidente da República? A existência incontestável duma maioria parlamentar sôbre a qual se podia organizar um Govêrno, certo como estava de que essa maioria se mantinha e manteria em virtude das declarações que tinham sido produzidas nes-