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20 Diário da Câmara dos Deputados

Sr. Presidente: é esta a obra financeira do Sr. Álvaro de Castro, obra perfilhada pelo bloco em que se apoia o Govêrno do Sr. Rodrigues Gaspar, Govêrno que está destinado a cair logo que se afaste dós te caminho, que é um autêntico despenhadeiro financeiro.

Eu espero que o Sr. Rodrigues Gaspar, melhor elucidado, prefira abandonar brevemente o poder, cumprindo-se assim o meu vaticínio, do que ele não fará os vinte e oito dias de Clarinha, a ter de prosseguir numa obra que conduziria fatalmente a um estrondoso desastre financeiro.

Não quero alongar-me em considerações; sinto mo já fatigado; mas não terminarei sem dizer ao Sr. Presidente do Ministério que nós aguardamos que S. Exa. responda, por uma forma clara e concreta, às preguntas que dêste lado lhe foram formuladas. Esperamos que S. Exa. diga o que pensa sôbre a operação da prata que o Sr. Álvaro de Castro, segundo consta do uma nota oficiosa publicada nos jornais, mandou suspender, decerto para colocar logo de início em más circunstancias o actual Govêrno, arcando com a impopularidade da expatriação da prata, se levar a cabo a operação iniciada,

O Sr. Álvaro de Castro: — Não mandei suspender. A prata está em depósito.

O Orador: — Mas, se não está ainda obrigada por qualquer forma, como me parece poder depreender-se das palavras do Sr. Álvaro de Castro, está o Sr. Rodrigues Gaspar com as mãos livros para proceder como entender. Tanto melhor. Pedimos, pois, a S. Exa. que nos esclareça dizendo só é seu propósito mandar regressar a prata onde estava, que é o ponto de vista pelo qual propugnará a minoria monárquica. Diga V. Exa. o que há na verdade e o que pensa acerca da prata. Tem o país o direito de conhecer o que há sôbre a prata.

O Sr. Álvaro de Castro: — O Govêrno, se quiser cumprir o seu dever, nada deve dizer!

Não apoiados das direitas.

O Orador: - Essa afirmação é extraordinária! É inacreditável que V. Exa. a aconselhe o mistério! O País tem o direito de saber tudo! (Apoiados) Mas já sei que V. Exa. procederia assim, nada dizendo, porque nunca, em quanto esteve no poder, mandou cumprir a lei que ordenava a publicação das contas semanais das cambiais de exportação, antes a revogou por decreto ditatorial, como tantos outros.

O Sr. Álvaro de Castro: — Porque nunca houve conta de maneio!

O Orador: — Quere dizer: V. Exa. entende que o País nada tem que saber, quando elo tem o direito de saber tudo. (Apoiados). Protesto contra esta política do segrêdo. Esperamos que o Sr. Rodrigues Gaspar, sob pena de desagradar ao bloco, cumpra o sou dever.

Nós pedimos também ao Sr. Presidente do Ministério o favor de nos dizer o que pensa sôbre o caso da nomeação do novo embaixador em Londres, que abandonou inexplicavelmente Angola, e também que se não esqueça do nós informar se a entrada do Sr. Bulhão Pato para o Govêrno significa que êste adopta a conhecida opinião daquele quanto à conveniência da supressão da nossa legação junto do Vaticano, querendo reacender assim as lutas religiosas no nosso País.

Por agora dou por findas as minhas considerações, mas prometemos voltar ao assunto só o Sr. Presidente do Ministério, a quem apresento mais uma vez os meus cumprimentos pessoais, não responder cabalmente ao que daqui lhe preguntámos.

Tenho dito.

É lida e admitida a moção do Sr. Morais Carvalho, do teor seguinte:

Moção

A Câmara, não confiando no Govêrno, continua na ordem do dia.

Sala das Sessões, 11 de Julho de 1924.— O Deputado, Morais Carvalho.

O Sr. Cancela de Abreu: — Requeiro a contraprova e invoco o § 2.° do artigo 16.°

Procede-se à contraprova.

O Sr. Presidente: — Estão de pé cinqüenta Deputados e sentados dezasseis.

Está rejeitada a admissão.