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16 Diário da Câmara aos Deputados

são feitas pela parte esquerdista do seu partido, aconselhando-o a praticar uma obra anti-nacional (Não apoiados e apoiados), atentatória dos princípios a que é indispensável atender no actual momento.

Tendo o Sr. Presidente do Ministério procurado responder a todos os oradores que tomaram parte no debate. S. Exa. disso que agradecia as palavras amáveis que dêste lado da Câmara lho tinham sido endereçadas, porquanto nós, seus adversários políticos, não deixamos de reconhecerem S. Exa. aquelas qualidades de inteligência e carácter que não lhe regateamos.

Concretamente, S. Exa. nada respondeu aos assuntos versados durante o debate político.

A questão do inquilinato, por exemplo, carece dama solução urgente, nada nos tendo dito o Sr. Presidente do Ministério acerca dos seus pontos de vista em relação a êsse problema.

Quanto à questão da prata, a opinião pública não pode concordar cora a nota que o Sr. Álvaro de Castro mandou para os jornais.

Precisamos, portanto, que S. Exa. concretamente, me faça o favor de responder se está ou não disposto a revogar o decreto n.º 9:437, que do mais a mais permite a venda de valores ouro com dispensa de todas as disposições legais.

Mas não pára aqui o que é indispensável que o Govêrno declare para a tranqüilidade do país! Durante o debate político o Sr. Álvaro de Castro fez declarações verdadeiramente monstruosas, declarações que agravaram ainda mais a desconfiança do país. S. Exa.; servindo-se do mesmo processo que tinha adoptado nos decretos relativos à redução dos juros, sustentou a doutrina, verdadeiramente extraordinária, de, que era indispensável substituir finança monárquica por uma finança republicana. S. Exa. quere introduzir na direcção do Banco de Portugal os elementos indispensáveis para marcar nas respectivas assembleas gerais uma influência decisiva para o Estado, de maneira a permitir ao mesmo Estado mandar nesse Banco.

Apoiados da esquerda.

Os apoiados da maioria, porque desgraçadamente são duma maioria parlamentar, têm para o país as mais funestas e desgraçadas conseqüências.

Vozes da maioria: — Ora, ora!

O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Querem repetir às scenas dos Transportes Marítimos!

O Orador: — Sustentar, embora erradamente, que há uma finança monárquica e outra republicana, sustentar que é necessário ir àqueles a que chamam finança monárquica e tirar lhes os seus direitos e o dever do administrarem os seus bens, é sustentar, embora o não queira o. sectarismo do V. Exa. a um roubo descarado.

Não apoiados da maioria.

Uma voz da esquerda: — Aí é que está, aí é que dói a V. Exas.!

O Orador: — Que direito tem um Govêrno, seja êle qual fôr, de meter as mãos na consciência de quem tem haveres para lhe preguntar se é republicano ou monárquico, e, conseqüentemente, lhe meter as mãos na algibeira, tirando-lhe o produto de tantos anos de trabalho?

O Sr. Carlos Pereira: — Isso são palavrões que nada valem!

O Orador: — São apenas verdades!

Mas vamos ver onde é que está o esquerdismo, êsses princípios avançados dos Deputados democráticos que sustentam uma doutrina desta ordem!?

Vamos ver onde está a moral numa administração assente nestas bases!

Sr. Presidente: sou daqueles que entendem que é preciso acabar do uma vez para som pré com a política nos negócios, deixando de haver directores de Bancos e Companhias que sejam políticos, tanto mais que no Congresso do Pôrto ficou assente que se devia estabelecer um regime de incompatibilidades políticas.

É revoltante ver aqueles que ainda ontem pediam $50 emprestados, e hoje vivem à larga, zombando do povo.

É neste momento, em que o país atravessa a crise mais aguda que o Sr. Álvaro de Castro apresentou ao Parlamento Êste princípio absolutamente imoral,