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Sessão de 16 de Julho de 1924 17

Isso representa o reconhecimento do Estado ao direito de arrancar das algibeiras dos particulares aquilo que honestamente ganhavam, para o ir entregar aos que, enganando o povo com afirmações falsas, vão enriquecendo de um momento para o outro, como muitos têm enriquecido.

Desgraçado país, se vingar a doutrina do Sr. Álvaro de Castro, porque isso seria levar para os Bancos e Companhias particulares os criminosos processos da administração que os Transportes Marítimos, os Bairros Sociais e a Exposição do Rio de Janeiro tanto vieram revelar.

Isso seria arruinar a economia nacional.

O Sr. Álvaro de Castro, a cujo carácter eu sempre tenho prestado justiça, sabe que o seu facciosismo o leva a defender um princípio que representa uma imoralidade, um verdadeiro escândalo de administração, embora não seja êsse o seu propósito.

O Sr. Álvaro de Castro: - Mas qual princípio?

O Orador: — O princípio que sustentou de que o Estado pode e deve intrometer-se na administração de Bancos e Companhias; porque, como V. Exa. disse, o Estado republicano tem de ser o dominador.

Foi esta a própria palavra que V. Exa. empregou.

O Sr. Álvaro de Castro: — O que eu entendo é que o Estado republicano, à frente das instituições em que tem interêsses, precisa colocar republicanos, correndo de lá os monárquicos.

O Orador: — Sr. Presidente: nós dêste lado da Câmara não usamos dos processos que usavam os republicanos na sua oposição ao antigo regime e, assim, fazendo justiça ao carácter do Sr. Álvaro de Castro, não quero aproveitar-me de acusações que lhe foram feitas ainda há pouco tempo.

Os redactores que deixaram o Diário de Noticias trouxeram a lume, em O Mundo, que o Sr. Álvaro de Castro tinha diariamente conferências com a Direcção da Moagem, para uma troca de serviços, prestados pela Moagem à República e por esta àquela, se pagar êsse câmbio imoralíssimo de que o povo é a verdadeira vítima.

O Sr. Álvaro de Castro (interrompendo).— Isso é absolutamente falso!

O Orador: — Vem em O Mundo.

O Sr. Álvaro de Castro: — Efectivamente, recebi essa Direcção, como tinha de a receber, desde que me procurava oficialmente como Presidente do Ministério, e em certo momento chamei-a para lhe observar que, se os jornais que, possuía corressem o risco de passar para as mãos de entidades que ao Estado não conviesse que deles fossem detentoras, o Estado a tal se oporia.

O Orador: — A declaração de V. Exa. demonstra bem a moralidade do regime.

O Sr. Álvaro de Castro: — Se, por exemplo, a empresa do Diário de Noticias fôsse para as mãos de espanhóis, como aliás se dizia, V. Exa., como patriota, tinha obrigação de se opor, embora sendo monárquico.

O Orador: — Sem dúvida.

Mas pode V. Exa. dizer se o jornal que mais o tem defendido — O Século — não está porventura na mão de um espanhol?

O Sr. Álvaro de Castro: — Não sei se há lá algum espanhol.

Sei que não pertence a uma empresa espanhola.

O Orador: — Quere dizer, o Sr. Álvaro de Castro não ligava importância ao caso emquanto o jornal fizesse a propaganda da sua obra.

Não falo em nome do povo republicano, mas sei bem, porque lhe faço justiça, que êsse povo se indigna sinceramente contra os que querem uma política como aquela que foi preconizada aqui pelo Sr. Álvaro de Castro, e que para Oeiras e outras praias foi preconizar o Sr. José Domingues dos Santos.

Pena é que o Sr. Rodrigues Gaspar, um homem honrado às direitas, não te-