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Sessão de 16 de Julho de 1924 9

antagonistas políticos, o que mostra bem que os homens da República sabem prestar justiça, muito embora, repito com uma excessiva benevolência.

Ditas estas palavras é entrando agora no assunto principal das minhas considerações, começo por pedir desculpa de não responder, a una e um, aos Deputados que se referiram ao actual Govêrno, visto que, no que tenho a dizer, eu responderei a todos, evitando repetições escusadas.

As palavras de apoio pronunciadas pelo ilustre leader do Partido Democrático, e bem assim as ditas nesta casa do Parlamento pelos Srs. Carlos Olavo, representando o Partido da Acção Republicana, e Álvaro de Castro, e ainda as declarações dos independentes e do Grupo Católico...

O Sr. Sá Pereira: — Ó diabo!

O Orador: — Não entra por ora o diabo!... São a afirmação daquilo que eu esperava, por isso que antes de tratar da organização do Gabinete tive a cautela de primeiro saber se o bloco parlamentar que vinha constituindo a maioria para as medidas apresentadas pelo Govêrno anterior de facto existia, a fim de que eu pudesse continuar numa política que nos levasse à aproximação do equilíbrio orçamental.

Só depois da certeza de que tinha o apoio dos elementos constitutivos do bloco parlamentar, partindo logo do princípio de que tendo sido o meu nome indicado pelos membros do Partido Democrático, evidentemente eu poderia contar com o seu apoio.

Procurei depois ver se nos elementos estranhos ao partido mencionado eu podia contar com êste apoio. Se êle não existisse eu teria do declinar a minha missão, visto que ela se baseava nessa maioria.

Sr. Presidente: ou não quero também deixar de agradecer à minoria monárquica a justiça que me prestou com a sua moção de desconfiança, visto que isso representa para mim uma maior segurança, porque essa minoria mo faz a justiça do acreditar que o meu trabalho será inteiramente em harmonia com os princípios da República.

O Sr» Carvalho da Silva (interrompendo: — O que resta saber é se é política da república de Oeiras...

O Orador: — Sr. Presidentes há oito dias que o Govêrno se apresentou a esta Câmara, e, por conseqüência, não serei eu que demorarei êste debate, e por isso vou entrar já na análise da crítica feita pelo ilustre leader nacionalista.

Devo dizer mais uma vez que agradeço a S. Exa. as palavras amáveis que me dirigiu, e declarar ainda que o seu discurso para mim foi uma obra prima dum, parlamentar, mostrando quanto são grandes as suas disponibilidades em matéria parlamentar, para que, querendo defender uma moção injustificável, conseguisse manter a Câmara naquele espírito de bom humor que muitas vozes nos leva â dizer que sim insensivelmente.

Compreendo as dificuldades em que se viu o ilustre leader do Partido Nacionalista que parece ter partido do princípio de quê era indispensável apresentar uma moção de desconfiança ao Govêrno, para poder justificar tal moção e mais ainda nos termos em que ela está redigida; e então, faltando-lhe aquelas razões convincentes para base da sua moção, teve realmente uma idea engenhosa, que foi a de ir bater à porta da filosofia, encontrando aí a lógica que eu conheço, ô que umas vezes se apresenta numa sala incolor, outras numa sala amarela, ainda outras numa sala azul e branca, e também por vozes numa sala furta-côres. S. Exa. quis encontrar a lógica para chegar a cartas conclusões, mas viu como ela falhou, como falha sempre que se recorre a ela não se lhe dando os elementos pára que possa então dar um parecer favorável àquilo que desejamos.

Disse S. Exa. que logicamente concluía que a minha chamada ao desempenho dêste cargo representava uma deslealdade política.

Faltaram, portanto, elementos a S. Exa. para dêste modo chegar a uma conclusão inexacta, como chegou.

Efectivamente, o Partido Republicano Português vinha dando apoio ao Govêrno anterior, pondo de parte até certos princípios, certos trabalhos e determinadas orientações que desejaria ver seguidos.

Se há provas de maior lealdade e dedi-