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Sessão de 15 e 15 de Agosto de 1924 17

Num livro que tenciono publicar dentro em breve sôbre estes assuntos, terei ocasião de demonstrar a ignorância de muitos dos nossos homens públicos.

Eu podia citar números em abono das minhas afirmações, mas como não desejo demorar as minhas considerações, protelando a votação da proposta em discussão, termino, convencido de que a razão está comigo e que tudo o mais não passa de cantigas.

Tenho dito.

O orador não reviu, nem o Sr. Correia Gomes fez a revisão do seu aparte.

O Sr. Ginestal Machado: — Sr. Presidente: vê-se que se vai aproximando aquela anunciada onda de calor que nos há-de derreter a todos.

Só assim se explica o aquecimento do Sr. Velhinho Correia, que costuma ser um homem frio.

E tam aquecido estava S. Exa., que chegou a trazer para aqui cousas da vida interna do seu partido, e dizer que o Sr. Correia Gomes, que todos nós temos como um homem estudioso, não tinha nada na cabeça.

Ora vejam V. Exas. a situação em que nós ficamos.

Um homem dos que nós mais consideramos é, na boca de um seu correligionário, acusado de ter uma cabeça vazia.

Vê-se pois, repito, que a tal onda de calor se aproxima, e que estamos todos arriscados a ficar em idênticas circunstâncias.

O Sr. Velhinho Correia é também um homem estudioso. S. Exa. lê muito, mas não vê nada.

Já uma vez tive ocasião de demonstrar que não havia possibilidade de fazer a actualização dos impostos, visto que não se mantinham as mesmas relações entre o preço do trabalho e do produto, e que bastava ver isso, para se concluir que a actualização assenta num êrro fundamental.

S. Exa. falou e concordou comigo, mas a verdade é que continuou a dizer por toda a parte que a actualização dos impostos se impunha.

Veja V. Exa. «e não é o que se chama a obcecação de ideas fixas, que são as piores.

Não vou tomar muito tempo à Câmara, nem mesmo poderia falar muito, porque perdi a noite passada uma noite que oxalá não fique tristemente memorável para o País.

Estabelece-se diálogo entre o orador e o Sr. Velhinho Correia.

O Orador: — É evidente que o Estado precisa cobrar impostos, precisa cobrar os impostos necessários para satisfazer as suas necessidades indispensáveis.

Mas, se nos mantemos no critério da actualização, ficamos desobrigados de fazer qualquer redução de despesas, visto que para estas deverão as receitas chegar.

O Sr. Velhinho Correia está inteiramente preso aos livros, bem se podendo dizer que é uma verdadeira enciclopédia... actualizada.

Mas eu insisto neste ponto.

Se por acaso nos convencermos e convencermos o País de que a actualização dos impostos é possível, não poderemos exigir sacrifícios a nenhum serviço, visto que todos existiam já em 1914, ano a que é referida a actualização, se bem que erradamente.

O Sr. Velhinho Correia disse que alguns homens públicos a respeito de finanças não percebem nada.

Não sou financeiro, nem - permita-se-me o termo — quero armar em financeiro.

De finanças conheço o que um homem que ocupa o meu lugar tem obrigação de saber.

É bom fazer estas considerações.

Houve grandes dificuldades em formar Ministério, e, de resto, êsse é o ponto mais difícil.

Quero fazer estas declarações bem claras e terminantes.

Estou convencido de que é preciso reduzir os serviços, gastando-se menos, como acontece com a fortuna particular, que tem hoje, como eu tenho, menos probabilidades de poder gastar do que dantes.

De maneira que, se insisto neste ponto, é porque quero chamar a atenção do Sr. Ministro para uma cousa importante: os impostos, que são uma cousa importantíssima.

V. Exa. tem de fazer as contas doutra forma, visto que é adoptado um coeficiente procurando o nivelamento.