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Sessão de 14 e 15 de Agosto de 1924 23

Portugal, até ao não menos glorioso feito que é a travessia aérea do Atlântico.

Assim, pois, eu, humilde português, sinto-me grande ao recordar um tal feito e maior ainda, por o recordar nesta assemblea, a mais alta da Nação Portuguesa, composta de ilustres e distintos cidadãos, que, como eu, sentem na sua mais elevada concepção, na sua mais estrutural significação, o sentimento do patriotismo e compreendem o que seja essa absorvente sensação de mirar no passado, de beber na nossa brilhante História a esperança do nosso futuro.

Apoiados.

Eu, humilde português, curvo-me reverente perante os heróis de outrora que tam patriótica, honesta e esforçadamente nos fazem ainda hoje grandes, valorosos e crentes na ressurreição da nossa querida Pátria!

Em nome do Grupo de Acção Republicana, levanto um hosana a Portugal por ter produzido tantos heróis, convencido como estou que, de olhos fitos no passado, guiados pelos seus feitos, nós seremos ainda dos maiores povos do mundo, como já o fomos outrora.

Honra a Portugal!

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem, muito bem.

O Sr. Pinto Barriga: — Sr. Presidente: em nome dos Deputados Independentes, associo-me à comemoração que agora se faz.

Marca êste dia a consagração de um herói que reagia no momento em que Portugal entrava num período longo de decadência.

Essa consagração pode perfeitamente associar-se à dos heróis do 1.° de Dezembro.

Que elas nos sirvam de incentivo neste período, também crítico, para reagirmos com o mesmo esfôrço e patriotismo de Nun'Alvares Pereira e dos heróis de 1640.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Morais Carvalho: — Sr. Presidente: é com sincero entusiasmo e emoção patriótica que em nome da minoria monárquica me associo à manifestação da
Câmara pela data gloriosa que hoje consagramos, incontestavelmente uma das mais belas da nossa história.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Agatão Lança: — Sr. Presidente: também me quero associar, mais como militar do que como parlamentar, ao voto proposto por V. Exa. pela data que hoje se comemora.

E associo-me num tem diferente daquele que empregaram os parlamentares que representam nesta casa o povo português, porquanto as minhas palavras não serão só de comemoração por essa data, mas terão um significado especial: o de reproduzir o sentimento que na minha alma de português e na minha sensibilidade de militar me doe e fere, por não ver a consciência cívica do País dirigida pelas classes intelectuais, por aqueles que têm obrigação de apontar ao povo os nossos grandes feitos do passado, indicando-lhe ao mesmo tempo o caminho que êle deve seguir para alcançar glórias no futuro.

Eu sinto, realmente, que a data de hoje passe quási despercebida na terra santa de Portugal.

Sinto que uma comissão não tivesse delineado festejos que chamassem todo o povo, desde o das aldeias até o das cidades, emfim todas as classes em massa, a manifestar-se numa homenagem de gratidão aqueles que, sendo os heróis que traçaram com as pontas ardentes das suas espadas, molhadas nos glóbulos rubros do seu melhor sangue, uma das páginas mais brilhantes da nossa história, pois que bem mereciam êsses heróis que a República lhes prestasse rendida homenagem.

É memorável que um tam deminuto grupo de portugueses, mal armados, mas onde estava a Ala dos Namorados que era por assim dizer, a artéria pulsante do mais arraigado patriotismo, soubesse mostrar aos Grandes de Espanha como nas terras de Aljubarrota cinco ou seis mil portugueses, empunhando as suas espadas, faziam parar trinta mil castelhanos.

E o rei de Castela, à frente de dezenas de milhares de homens seus, fugiu miseràvelmente, sem ter tempo sequer para tomar uma refeição, como diz Oliveira Martins.