O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

46 Diário da Câmara dos Deputados

expor a sua opinião, sem nada esconder, apresentando os seus critérios sem nenhuma velatura, claramente, precisamente.

A verdade é ainda hoje, mau grado o uso limitado que dela se faz, uma grande virtude. Desde velhos tempos que eu me habituei a dizer o que penso: ou não digo nada ou digo exclusivamente o que sinto. Isto, é claro, será a estulta pretensão de ser o detentor da verdade absoluta, que não tenho na algibeira. O que é necessário é não lazer confusões. Todas as ideas que aparecem no espírito dos homens representam necessidades sociais, e quando elas se não manifestam há desiquílibrio.

Daí resulta a necessidade de todos definirmos claramente a nossa opinião. Se eu estou na direita da Republica, isso para o efeito nada significa, porque não há nenhuma antinomia da palavra «República», que anda sempre envolvida numa afectividade e interêsse, para que ela seja o objectivo de toda a nossa acção. Ora a República é um meio, não é um fim; é um instrumento, de progresso, e só assim ela poderá corresponder àquilo que pensavam os que a proclamavam como uma necessidade social.

Definamos, pois, as nossas posições. Se nós adoptarmos êste princípio, é fácil a cada um dizer o que pensa, sem acanhamentos de nos definirmos, sem nos julgarmos deminuídos ou engrandecidos, porque todos temos uma função de conjunto, e só dessa função pode resultar qualquer cousa de proveitoso.

Àparte do Sr. João Camoesas, que não se ouviu.

O Orador: — Da aplicação dos princípios das sciências físicas às sciências sociais resultaram, com efeito, erros gravíssimos sôbre o problema da actividade dos homens.

É indispensável, pois, repito, cada um de nós afirmar sempre claramente o que pensa, marcando simultaneamente a nossa posição.

Eu, por exemplo, sou conservador, para que hei-de dizer-me radical só porque posso ir mais depressa para o lugar de tal, ter uma ovação, uma recompensa? Isso seria rebaixar-me.

Apoiados.

Lá chegará o momento em que as correntes da opinião me favoreçam e eu possa subir. Então, nessa ocasião, será com orgulho justificável que eu irei ocupar o meu lugar. Seria bom por isso que nós não usássemos dominós em política e nos apresentássemos, por conseqüência, tais quais somos.

Modificarmos o nosso sentir para podermos ter situação de predomínio seria uma escravatura abominável.

Eu tenho de obedecer não ao meu modo de ser, mas ao que fôr favorável de momento?

Nesse caso, por maior que seja a situação que ocupemos, ficaremos deminuídos e seremos no fundo miseráveis.

É o que não quero ser.

De maneira que em toda a parte apenas falo exclusivamente segundo as minhas convicções.

Por isso mesmo fui obrigado a tomar a palavra sôbre a proposta. Não podia deixar do fazer estas considerações.

Evidentemente a família é uma instituição que tem de perdurar, indo além do indivíduo.

É uma instituição necessária.

Julgo a propriedade uma instituição social.

A riqueza é a causa do progresso; é uma condição essencial para que êle se realize.

Em princípio, devo dizer a V. Exas. que não teria dúvida em estabelecer a isenção até determinada importância, e daí por diante adoptaria uma certa taxa, sem contudo aumentar as percentagens.

Sr. Presidente: em questão de finanças sei que ignoro bastante; e, por isso, não me atrevo a dizer muita cousa. Todavia, vejo que muita gente fala em finanças, e que sabe muito menos do que eu.

Interrupções dos Srs. Vasco Borges e João Camoesas.

O Orador: — Sr. Presidente: se eu tivesse elementos para elaborar uma proposta no sentido das considerações que venho de fazer, creia a Câmara que já a tinha apresentado.

Trava-se diálogo entre o orador, o Sr. Vitorino Godinho e o Sr. João Camoesas.

O Orador: — Sr. Presidente: já há pouco disse, e repito, que em minha opinião não havia grande inconveniente em que