O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

68 Diário da Câmara dos Deputados

Sr. Presidente, no «todas», o fazemos por entendermos que é esta a única forma capaz, como já -disse, de fazer dêste povo aquilo que êle deve ser.

Reacção, considerado no sentido que lhe atribuo, é um fenómeno que se caracteriza pela tentativa de imposições por parte de uma minoria, dos seus principais, pontos de vista, a uma massa enorme de cidadãos, a um país inteiro, a uma Nação.

Neste critério, reacção é todo aquele movimento de direcção social que considera a fôrça e a coacção como um agente criado, como uma conduta a adoptar.

Definido assim o meu critério de reaccionarismo, não se admirará V. Exa. que eu diga que tam reaccionários são os chamados conservadores, que pretendem subordinar tudo ao que copiaram de páginas mortas e já esquecidas, como são os outros que pretendem garantir a tranqüilidade social, que pretendem garantir a tranqüilidade individual pela imposição de regras, que já não correspondem ao presente.

É então, segundo êste critério, tam reaccionários são êstes avançados como aqueles pseudo-conservadores.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ferreira da Rocha: — Sr. Presidente: o meu ilustre colega, Sr. João Camoesas, aproveitou a falta de número para fazer um longo discurso, à espera dos seus colegas desta Câmara que aos trabalhos parlamentares não se querem dedicar a assiduidade bastante.

Do mal o menos.

Ouvimos o Sr. João Camoesas fazer afirmações um pouco teóricas, sem dúvida, especialmente doutrinárias, mas, quando estamos tam hatituados a ver que nos partidos da República e no Partido Democrático, sobretudo, já não há quem faça afirmações de princípios, porque já quási não é preciso tê-los, quando estamos assim tam habituados, alguma cousa se ganha com esta falta de número.

Disse S. Exa. no seu discurso várias cousas, em parte a mim referentes quanto ao aspecto político do problema actual, em parte referentes a considerações sociais quanto ao problema da família, da distribuição da riqueza.

Quanto à segunda parte nada tenho a dizer. E S. Exa. suficientemente novo para que eu possa quási dizer que, quando S. Exa. nasceu já eu defendia o que S. Exa. acaba de defender.

Nessa matéria apenas direi que não é preciso ser-se democrático para sentir que a evolução do direito se foi fazendo em termos de sentir-se que instituições anteriores se não podem manter no mesmo rígido aspecto em que agora se pretendessem conservar.

Mas na primeira parte — o problema político da actualidade — o Sr. João Camoesas fez moldar as suas considerações na necessária existência dum período pré-República, período em que estaríamos agora que seria evidentemente indispensável como conseqüência fatal das circunstâncias, duma instabilidade de tal ordem que ninguém pode exigir uma certeza real de direitos, processos e princípios.

Sòmente direi a S. Exa. que,me não considero num período pré-República mas sim, se me permitem o desalento que é o de todos os que são sinceramente republicanos, num período post-República.

Num período pré-República, quando, após catorze anos de regime republicano, nós sentimos a existência da forma monárquica em princípios e da forma anárquica em processos?

Num período pré-República nota-se uma confusão momentânea e uma certa perturbação de processos.

Mas é nos períodos post-República que se notam então os apetites ambiciosos de todos os que esperam como que o desmanchar da feira para irem ainda rebuscar depois o que por lá se encontra.

Período pré-República foi aquele em que durante alguns anos houve ainda doutrinas e princípios.

Não é, pois o período pré-República aquele em que nos encontramos.

Se eu disse e confirmo que as circunstâncias presentes eram de desalentar, não tem o Sr. João Camoesas o direito de sentir nestas palavras á condenação de todos os meios e tentativas de regeneração.

O que tem é o dever de sentir a indicação daqueles que, vendo que marchamos mal, procuram emendar essa marcha errada.