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26 Diário da Câmara dos Deputados

ser fundidos em bronze, mas que, por deliberação posterior, foram substituídos por escultura em pedra.

Art. 2.° Fico revogada a legislação em contrário.

Sala das sessões da comissão de administração pública, 20 de Junho de 1924. — Carlos Olavo - Custódio Paiva — Alberto Jordão — Vitorino Mealha — Abílio Marçal, relator.

Senhores Deputados.— Por subscrição pública nacional se pretendo, de há muito, construir no topo da Avenida da Liberdade, nesta cidade de Lisboa, um monumento ao Marquês do Pombal.

Iniciada essa obra há já bastantes anos e continuada através de vicissitudes várias, dificilmente caminhava o progredia, até que a actual comissão, superadas as maiores dificuldades, vencidos alguns obstáculos de ordem técnica, se propôs concluir, o mais ràpidamente possível, êsse monumento, preito de homenagem a um dos maiores portugueses que abrilhantam a nossa pretérita história.

Não fazia sentido para os nossos brios nacionais, para a nossa psicologia sentimental de meridionais, para a nossa comprovada e indefectível gratidão e respeito pelos homens ilustres da pátria portuguesa, que essa ínclita e majestosa figura de homem e de estadista somente estivesse perpetuada no tempo e no espaço, adentro do recinto desta cidade de Lisboa, que êle reedificou, que êle alindou, que êle protegeu com o seu forte braço, por um simples e minúsculo busto, aposto no pedestal da estátua eqüestre de D. José, nessa ampla e magestosa Praça do Comércio antigo Terreiro do Paço — onde tudo é grande, belo e primoroso, desde o monumento, impecável artefacto da estatuária, desde a amplidão e linda estética da praça, envolvida por sumptuosos edifícios e arcarias, até ao maravilhoso Tejo, que ali se alarga e desafronta em magestoso estuário, e onde só é pequenino e minúsculo o medalhão oval que contém o busto dêsse que tudo fez, que tudo impulsionou, criou e engrandeceu.

Não, tal não faz sentido.

O grande estadista que após o temeroso cataclismo de 1755 reconstruiu e transformou Lisboa em uma das mais belas cidades do mundo, o Ministro que reorganizou o exército português, dando-lhe fôrça e vitalidade para poder expulsar o exército invasor, que nos pretendia agredir pela nossa atitude de neutralidade, em prol da nossa aliada, a Inglaterra, aquele que reformou a nossa Universidade, desenvolvendo a instrução pública e protegendo as letras e as artes; quem teve o grande poder de expulsar do nosso território a massa jesuítica, que de há muito vinha dominando o nosso país, engrandecendo-se à custa da nossa miséria e da nossa defecção moral, quem atacou de frente a nobreza, arrancando-lhe algumas das prerrogativas de casta, que eram a característica da época feudal e que dezassete anos depois haviam de baquear por completo, perante êsse monumental acontecimento que foi a revolução francesa, quem por tal forma protegeu e desenvolveu as indústrias, o comércio e a navegação, e procurou fomentar as nossas colónias, criando assim poderosas fontes de riqueza que, desde há muito, andavam desperdiçadas ou perdidas, quem deu um golpe tam profundo na escravatura, abolindo-a em Portugal e dando liberdade aos indígenas no Brasil, e do mesmo passo reduziu em muito o poderio da inquisição, ferindo de morte essas duas execrandas instituições da Idade Média, que eram a desonra e o martírio da humanidade, quem finalmente elevou tam alto o nome de Portugal, perante nacionais e estrangeiros, dando-lhe a abundância, a prosperidade, o respeito e a disciplina social, bem merece que a Pátria devotadamente considere e honre a sua memória por maneira, indelével e grandiosa, honrando-se a si própria por ter possuído tam dilecto filho.

Teve manchas o ínclito Marquês?...

Também o sol irradiando luz e calor, alumiando-nos, aquecendo-nos e aviventando-nos, origem de todo o movimento e vida, tem manchas na sua radiosa fotos-fera, não deixando por isso de ser uma das estrelas fulgentes dos espaços inter-planetários.

E o Marquês de Pombal é uma estrela fulgente da nossa história, um astro propulsor da nossa vida política, como nação livre e independente.

Lá, no cimo dessa Avenida da Liberdade, dominando a cidade bela, que êle