O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 12 de Novembro de 1924 7

certos actos, vou fazer umas breves considerações, julgando ter razão quando digo que é tempo, mais que tempo, para se exigir de quem governa que tenha um critério nacional ou social e não meramente particular ou pessoal.

Apoiados,

Assim, Sr. Presidente, eu devo dizer que desejava sabor qual a razão por que tendo-se procedido à criação de várias escolas comerciais e industriais em diferentes pontos do país, S. Exa. não pensou na criação de uma escola comercial e industrial em Gouveia, tanto mais quanto é certo que S. Exa. sabe muito bem que a única escola primária superior que ali havia foi extinta.

S. Exa. criou essas escolas em vários pontos do país, como por exemplo em Póvoa de Varzim, Matozinhos, Seia, etc.; e, assim, eu não sei na verdade qual foi o critério de S. Exa. não criando igualmente uma escola comercial e industrial em Gouveia, tanto mais quanto é certo que a única que lá havia, conforme já tive ocasião de dizer à Câmara, foi extinta.

Se é facto que há uma necessidade absoluta e relativa em criar escolas, e se é certo que o que S. Exa. fez não está ainda à altura das necessidades do país, eu não compreendo, Sr. Presidente, na verdade, qual o critério que orientou S. Exa. praticando o acto que praticou.

É claro que o seu acto, criando essas escolas a que me refiro, é indiscutível quanto à sua conveniência. Está bem que S. Exa. ponha para aí muitas e diversas escolas. Agora há também uma necessidade e conveniência relativas. Se S. Exa. não tem verba, nem, como Poder Executivo, capacidade de realização para dar ao País as escolas que êle necessita, tem de aproveitar as suas possibilidades com justiça, equidade e vantagem para a difusão do ensino no País. Realmente, se S. Exa. em vez de 500 escolas, só pode criar 50, o que primeiro tem a fazer é escolher os pontos que mais necessitam delas. De contrário cairíamos naquele doce compadrio, com que S. Exa. poderia levar o País a reboque, não das necessidades da. Nação, mas de quaisquer interêsses pessoais que os membros do Executivo não têm o direito de atender, porque não têm o direito de degradar a sua função.

Por conseguinte, digo eu, é tempo de se exigir (e por isso eu o exijo do Sr. Ministro do Comércio) que se saiba qual o critério que o orientou e orienta na difusão das escolas de sua criação pelo País.

Apoiados.

Sr. Presidente: não posso deixar de relacionar estas considerações dirigidas ao Sr. Ministro do Comercio com aquilo que se passou aqui na segunda-feira, entre mim e o Sr. Ministro da Instrução. Quer dizer: estas considerações todas, se tem como justificação uma determinante de ordem geral, atingem também uma determinante do ordem local, referente ao meu distrito.

Parece que o Sr. Ministro do Comércio ignora a existência de Gouveia e as condições de Gouveia, e desta maneira Arejo-me na necessidade de expor a S. Exa. o que é aquela terra.

Gouveia, é uma terra eminentemente industrial, com uma larguíssima, rica e próspera indústria agrícola e com uma indústria de lanifícios que tem progredido a ponto de ser considerada logo abaixo da de Covilhã, o primeiro centro fabril do País. Além disso, Gouveia é uma terra que criou toda a sua riqueza com o trabalho dos seus filhos e iniciativas particulares, tendo muito mais indústrias do que aquelas que já enumerei, como, por exemplo, a dos balões venezianos, que é importante. E dividida em vinte e tantas freguesias e tem uma numerosa população que se emprega nessas indústrias, devendo a sua prosperidade, que é anormal para termos de província, simplesmente ao sou trabalho e à rede do comunicações que há muitos anos teve o cuidado de estabelecer à sua custa, para criar o desenvolvimento necessário à sua actividade E Gouveia, assim, criando o alargando as suas indústrias e riquezas, teve de expandir-se para- os concelhos limítrofes, levando, por exemplo, para o concelho de Seia, que lho é imediato, uma das indústrias mais belas que tem êsse concelho e que é a indústria da energia eléctrica, toda feita e montada com capitais da gente de Gouveia.

Pois bem! É uma terra com êste desenvolvimento e com esta população, e que às riquezas que já citei acrescenta outras, como uma indústria mineira incipiente e uma indústria de turismo tara-