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Sessão de 18 de Novembro de 1924 45

mente proferida pelo Sr. Presidente do Ministério.

Que culpa tenho eu que S. Exa. trouxesse à Câmara os revelações que fé?

Só as trouxe, não ora de grande necessidade que elas se esclarecessem?

Quem deve meter as erratas é quem profere as palavras e não os outros que estão ao seu lado.

Mas quem é que veio agravar êste debate? Foi o Govêrno dizendo que se têm feito favores e que elo não os quis fazer.

Então eu, representante do meu partido, não devia dizer que o meu partido não fizera favores? Fui eu que irritei o debate político?

A que propósito vêm os meus conhecimentos de finanças se eu nunca me apresentei como financeiro?

Então seria eu que viria substituir as competências financeiras que há no meu partido?

Nunca tratei dêste assunto senão para corresponder àquela confiança com que o meu partido me distinguiu.

Tendo sido solicitado para tomar lugar no Poder Executivo, só aceitei n pasta da Justiça, não porque não haja no meu partido jurisconsultos distintíssimos, mas, porque sendo um juiz digno e um homem de bom, não podia deslustrar aquele lugar.

Tenho dito.

Muitos apoiados.

O orador foi muito cumprimentado pelos seus correligionários.

O orador não reviu.

O Sr. Manuel Fragoso: — Nunca esperei tam cedo, eu que não sou leader de nenhum dos grupos políticos da Câmara, ver-me como que obrigados intervir num debate político em que se joga a sorte de mais um dos muitos governos que tem gerido os negócios do Estado depois da implantação da República.

O direito de o fazer, porém, ninguém mo pode contestar à face do Regimento e o dever de o fazer é-me imposto pela minha consciência de patriota e de republicano.

Sr. Presidente: eu sempre tenho lamentado, e continuo lamentando, o hábito infeliz e desprestigianto das arrastadas o enfadonhas discussões políticas em que esta Câmara, ao mesmo tempo que esgota as melhores das suas energias, cava, cada voz mais, lá fora, o descrédito da instituição parlamentar. Sou mesmo, com desassombro o confesso, dos que fazem coro com as censuras provocadas, som me esquecer, no emtanto, do que a instituição vale como expressão dê democracia, nem tam pouco dos inestimáveis serviços que a todo o momento presta às causas da Nação e do regime.

Mas, Sr. Presidente, que lastimável não foi, ainda há pouco tempo, o incidente provocado pelo Sr. Dr. Leonardo Coimbra!... Triste pelas violências do ataque. Vergonhoso pelos despropósitos da resposta.

É que, Sr. Presidente, uma sociedade em que os homens se respeitam, mesmo adentro das suas discordâncias, é uma sociedade que se impõe à consideração de toda a gente; mas uma sociedade em que os homens se injuriam o agridem no campo das ideas, é uma sociedade fatalmente condenada ao aborrecimento e ao desprêzo, e pode ser tudo, menos uma sociedade republicana.

Eu não pretendo, Sr. Presidente, nem protelar a discussão, nem tam pouco firmar os meus insignificantes créditos de parlamentar.

Desejo tam somente fazer ouvir aqui dentro, possivelmente, com espanto de parte da Câmara, a voz da opinião pública.

Na opinião pública que não põe, que não quere pôr, os seus interêsses particulares acima dos interêsses bem sagrados do país.

Diz-se: «Presunção e água benta cada qual toma a que quero». Pois, Sr. Presidente, as minhas palavras não se ressentem da mais leve presunção. E porque me atrevo eu a dizer a V. Exa. que posso fazer ouvir aqui dentro a voz da opinião pública? Responde a V. Exa. porque a dentro da consciência dos meus insignificantes recursos intelectuais, porque a dentro da humildade da minha situação política, que não conhece destaques, eu mo não entrego, felizmente, aos ambiciosos devaneios dos sonhos dos ministeriáveis.

Sei que tenho as asas curtas para pretender seguir no séquito das águias, e tenho ao mesmo tempo, a bem do meu