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44 Diário da Câmara dos Deputados

motivou esta minha nova intervenção no debate.

Entendeu o Sr. Presidente do Ministério que devia acusar-me por eu ter trazido ao conhecimento da Câmara alguns documentos oficiais que mo foram fornecidos no Ministério das Colónias com autorização do Sr. Ministro respectivo.

Sr. Presidente: S. Exa. só pode ter uma desculpa para essa sua leviana acusação: — é a de não me ter ouvido; pois quando eu aqui êsses doeu mentos, S. Exa. não se encontrava presente. Se S. Exa. aqui estivesse, então teria tido ocasião do ver qual foi a moral de que usei. Teria visto que eu não acrescentei uma única palavra, sequer, de comentário.

Apoiados.

Eu disse o seguinte: sei que parte dêstes factos estão afectos a uma comissão de inquérito o, portanto, limito-me a dar conhecimento dos documentos que li sem fazer quaisquer comentários, para que, livres do quaisquer sugestões, os sindicantes possam formular o SP u relatório.

Nestas condições o Sr. Presidente do Ministério não tinha o direito de dizer que eu havia procedido mal,

Se procedi mal, orgulho-me de assim ter procedido.

Esta é a moral monárquica.

A moral republicana foi ter vindo, um dia, aqui, alguém fazer acusações, servindo-se de cartas roubadas.

Eu não acusei ninguém. Os documentos de que me servi eram documentos oficiais que me foram facultados pelo Ministro.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Nuno Simões: — Sr. Presidente: sou forçado a entrar neste debate pelas declarações do leader da minoria nacionalista.

Disse o Sr. Lopes Cardoso que não percebia como o Govêrno do Sr. Álvaro de Castro podia deixar de ter conhecimento dó vencimento das letras a que aludiu o Sr. Presidente do Ministério.

Se nós não conhecêssemos a tradição financeira do Sr. Lopes Cardoso, diríamos que S. Exa. tinha estado a gracejar com a Câmara.

S. Exa. conheço a mecânica do crédito dos três milhões, mas quis tirar efeitos
políticos. Porém, êsses efeitos nem sempre são de aceitar e muito menos neste momento em que o ilustre leader nacionalista pareceu tam cauteloso,

S. Exa. a Câmara sabem que as letras eram mandadas ao aceito pelo Banco Ultramarino e que foi entre êste e a Agência de Angola que se passaram os factos que diziam respeito ao aceite. A Agência de Angola não tinha que comunicar absolutamente nada aos Ministérios das Finanças e Colónias, mas apenas de procurar os meios para pagar aquilo que lhe competia.

Foi isto que ela fez; e, só quando viu que não podia pagar, é que disse ao Govêrno que as letras iam ser protestadas.

As palavras do Sr. Lopes Cardoso não podiam ter outra significação que não fôsse a de tirar efeitos políticos.

Quanto à situação criada ao Gabinete Álvaro de Castro pela insistência do Sr. Lopes Cardoso na citação dos favores a que o Sr. Presidente do Ministério se referiu e que já foram explicados pelo Sr. Ministro das Finanças, parece-me que S. Exa. só poderia ter privado de tirar efeitos dessa expressão.

Disse ainda o Sr. Lopes Cardoso que o seu partido jamais socorrera a finança.

Não se trata de qualquer socorro à finança. O Sr. Lopes Cardoso entendeu as cousas muito bem, porque é inteligente. Não há socorro à finança. Há uma venda de libras na praça, expediente financeiro muito desacreditado, mas muito usado por todos os governos.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Lopes Cardoso: — Sr. Presidente: pedi a palavra simplesmente para dizer ao Sr. Nuno Simões que repeti as palavras proferidas pelo Sr. Presidente do Ministério e que ainda não foram contraditadas. Tudo o mais que se tem bordado à volta dêste assunto é tempo perdido.

Não vim trazer aqui elementos de ataque. Quem os deu foi o Sr. Presidente do Ministério. Eu, acreditando na sua palavra honrada, limitei-me a interpretar o que S. Exa. tinha dito.

Não houve da minha parte qualquer insinuação. E com referência à palavra «favores» por mim empregada, devo dizer ao Sr. Nuno Simões que ela foi primeira-