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Sessão de 18 de Novembro de 1924 47

publicanos se levantam e dizem ao Govêrno que é finda a sua missão! É entre o pronunciado rumor dos primeiros aplausos que se revela a sanha inexplicável dos que o pretendem derrubar!

Sr. Presidente: repito, eu não compreendo.

Caia o Ministério, caia, mas que as responsabilidades da sua queda caiam também sôbre os maus políticos que a provocaram.

O orador não reviu.

O Sr. Júlio Gonçalves: — Não costumo entrar em debates políticos. Só o faço é porque o meu partido deu a liberdade a iodos os seus membros do manifestarem a sua opinião,

O Sr. Vitorino Guimarães: — Eu gostaria de saber quem deu essa liberdade a V. Exa.

O Sr. António Maria da Silva: — Quem deu licença a V. Exa.!?

O Orador: — Não se assuste V. Exa., Sr. António Maria da Silva, que não vou falar contra V. Exa. Nem mesmo o prejudica, pois não vai agora para Ministro.

Ao àparte, indignado, do Sr. Vitorino Guimarães, por quem tenho a máxima consideração, não só política, mas como pessoal, pois me tem dispensado todas as honras e amizade, devo dizer que, desde que êste assunto não ora uma questão fechada, eu podia falar. E faço-o sem preocupações. Nem me sinto nervoso, porque estou à vontade. Eu falo com toda a sinceridade, na posse absoluta de mim próprio. Não estejam, portanto, nervosos.

Eu quero dizer que os senhores que estão agora falando e gritando, alguns deles, foram os primeiros a dizer que não se tratava de uma questão política.

Sr. Presidente: o que me levou a fazer Bestas considerações, foram algumas palavras do Sr. Presidente do Ministério.

Não pretendo convencer ninguém, mas somente desejo, como que, explicar o meu voto.

O Sr. Presidente do Ministério, com uma infelicidade de pasmar, teve, pelo menos, no seu discurso, duas passagens a que desejo referir-me, tanto mais que ainda ninguém a elas fez alusão.

Porém, como simples Deputado, talvez o mais humilde dentro desta Câmara (não apoiados) mas muito cioso das minhas prerrogativas morais - e intelectuais — apesar destas pouco valerem, mas para mim valem muito - não desejo deixar passar sem referência êsses pontos.

Disse o Sr. Rodrigues Gaspar, em determinada altura do seu discurso, que se porventura surgisse desta discussão um conflito entre o Poder Executivo e o Legislativo, êsse conflito seria também com a opinião pública que está ao lado do Govêrno.

Se isto representa uma ameaça para o Poder Legislativo, aceito-a, mas como humilde parlamentar; pela parte que mo toca, tomo inteira responsabilidade disso.

A outra, passagem, diz respeito á melhoria cambial. Esta melhoria é o hissope com que o Govêrno anda a espargir o País, para afuguentar os demónios inimigos do Govêrno.

Das palavras do Sr. Presidente do Ministério conclui-se que, quem deitar abaixo o Govêrno, toma uma, tremenda responsabilidade, caso o câmbio se agrave.

Parece que o câmbio está fechado nas mãos do Sr. Ministro das Finanças.

Parece-me que a melhoria cambial está no esfôrço de nós todos, está na colaboração activa e patriótica de nós todos.

Para que vem, portanto, justificar porventura erros do Govêrno, que não quero enumerar, se nós não deixamos de reconhecer ao Sr. Ministro das Finanças, ao Sr. Presidente do Ministério e a todo o Govêrno; á categoria de homens de bem e que se mais não têm feito em benefício do País é porque mais não tem podido!?

Apoiados.

Nós não acusamos o Govêrno de anti-patriótico, mas duma formidável e rematada inépcia.

Sr. Presidente: eram estas as considerações que desejava fazer.

Julgo que elas ainda teriam cabido dentro daquela disciplina política a que algumas pessoas julgavam que eu fugi quando pedi a palavra, mas a que eu suponho não ter faltado.

Apoiados.

Tenho dito.

O orador não reviu.