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Sessão de 28 de Novembro de 1924 21

O Orador: — É velhíssima!

O Sr. Vasco Borges, quando atacou a valer o Govêrno, foi quando disse que o Govêrno afinal não passava de umas sombras vãs, tal qual aquelas sombras que em certo teatro de Lisboa, do écran até aos camarotes, como S. Exa. relatou à Câmara, se avolumavam, e, em atitude agressora pareciam querer matar tudo e todos. Mas S. Exa. enganou-se.

Um Govêrno que apresenta uma declaração como a do actual é um Govêrno que sé apresenta como os tais «anaglifes» que fizeram baixar S. Exa. tanto e tanto que eu estive quási para lhe dizer daqui: não se baixe tanto, Sr. Vasco Borges. O Sr. Vasco Borges acusou correligionários seus de aventureiros, esquecendo-se que muitos dêles tam largos serviços prestados à causa da Democracia, tam largos que fazem com que nem todas as pessoas, embora no mesmo campo, se possam encontrar com êles desde o início.

Repito, Sr. Presidente, as esquerdas não são esquerdas de mata frades, são esquerdas de homens que vão a Fátima e que podem, votar o imposto progressivo.

Digo isto para que os meus eleitores saibam que eu sou católico. Infelizmente, muito pouco católico.

Mas que importa isto a uma democracia em que ninguém pode preguntar pelo credo religioso ou político do cada cidadão?!

Somos católicos sem ser necessária a licença de ninguém; e, assim, conseguiremos mais votos para o Partido-Republicano Português o até mesmo daqueles que não entram nas igrejas.

Posto de parte êste ponto, vamos à crítica do Sr. Cunha Leal, visto que o ataque do Sr. Vasco Borges foi apenas um amuo de V. Exa. e não um ataque ao Govêrno.

Principiou por frisar bem, o Sr. Cunha Leal, a infracção da Constituição, lendo as primeiras palavras da declaração ministerial o esquecendo-se de ler o resto.

Falou também S. Exa. em seu nome pessoal para atacar a Presidência da República; mas teve o cuidado de logo a seguir, em nome do seu partido, enviar para a Mesa uma moção de desconfiança, em que apenas diz que o Govêrno não estava constituído nos termos constitucionais.

Interrupção do Sr. Cunha Leal.

O Orador: — Como S. Exa. não fez mais nenhuma acusação ao Govêrno, chegou até a dizer que a declaração ministerial tem uma dose de bom senso que não é vulgar, ou concluo que talvez não tivesse S. Exa. dúvida em a assinar.

As esquerdas que estão no Poder são as esquerdas da propaganda que todos nós, e até eu, fizemos. E é necessário que os homens da República voltem às tradições da República.

Apoiados.

Dizíamos apenas que íamos ao contacto do povo para sentir as mesmas aspirações do tempo da propaganda, quando ninguém dizia mal dos correligionários, nem procurava fazer divisões.

Pois bem: o meu partido conserva a tradição de tudo aquilo que não é negação dos princípios democráticos.

Sr. Presidente: êste Govêrno tem responsabilidades, e declara quê quero fazer uma obra republicana.

Vejamos como.

A breve trecho terminam as concessões a companhias majestáticas, o êste Govêrno sabe que essas companhias não cumpriram o que lhes impõe essas cartas.

Dia a dia se dizia que não se devia ter aprovado essas cartas.

Isto ora fazer política republicana; era voltar à tradição.

Para honra do Govêrno, deve elo suspender essas traficâncias, convencido de que essas companhias não cumpriram as suas cartas, como todos sabem.

A maneira como elas tem procedido chega a vexar-nos.

Em matéria de monopólios tem êste Govêrno de voltar à tradição, aos tempos em que os Srs. António Maria da Silva, António José do Almeida e Brito Camacho atacavam os monopólios como atacavam a monarquia.

Os monopólios estão a terminar o seu tempo de prazo.

Pois bem: não se renovem, visto que sempre se tem dito que não queremos mais monopólios.

Sr. Presidente: havendo 4 milhões de