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Sessão de 12 de Janeiro de 1925 19

Em resposta a isto, a firma pede um prazo de mais dez dias, findo o qual entrega cambiais de 300 contos e mais 1:000 libras, que deseja lhe sejam pagas mais caro do que estava estipulado no contrato.

Mas mais: nestas 1:000 libras compreendia-se um cheque de 150 libras sôbre uma firma inglesa, o qual indo parar às mãos do Sr. Santos Lucas, agente geral de Angola em Londres, foi por êste pretendido descontar. Oiçamos o que diz êste senhor; diz o seguinte:

Leu.

O que quere isto dizer? A firma em questão tinha algumas libras compradas por preço inferior a 150$ nalguns Bancos, nos quais tinha uma tal cotação que, desde que não houvesse a soma exacta dessas libras os Bancos não pagariam o cheque. As pobres e amarguradas 1:000 libras que deviam ser entregues nem sequer ao menos foram pagas.

O contrato não se cumpriu; mas emquanto se andava nestas cousas a casa Galileu & C.a concebia outro negócio. E, para que V. Exas. possam compreender até que ponto ia nessa época a bajulação para com os poderes supremos da província, e aperceberem-se do que foi o destrambelhamento das pessoas e entidades que rodeavam essas autoridades, eu vou ler um trecho dessa carta:

Leu.

O que é que se propõe nesta carta, cujo conteúdo acabo de ler? Abrir um buraquinho ao fundo da Rua dos Fanqueiros, e nele depositar todas as disponibilidades da província de Angola. E, como havia fundos de reserva correspondentes aos depósitos feitos na Caixa Geral de Depósitos, êsses 1:200 contos seriam depositados nesse buraquinho. Além disso, depositar-se-iam aí também todos os restantes fundos de reserva, em prazos nunca inferiores a um ano, dos empréstimos que sucessivamente fôssem contraídos na metrópole.

Logo que se chegou a êste acordo veio um telegrama para Lisboa, dizendo ao Sr. Tomás Fernandes: "Deposite, pouco a pouco", e êste pouco a pouco representou para o Estado uma perda de cêrca de 300 contos - os 1:200 contos no fundo de reserva que está no Banco Nacional Ultramarino, na casa Galileu & C.a De facto, o Sr. Tomás Fernandes assim procedeu.

Mas na redacção final do contrato há qualquer cousa que é interessante ler. É que o Sr. Norton de Matos prometeu facilitar a execução do pensamento que movia toda esta operação e que daria maior amplitude à casa Galileu & C.a É dêste fundamento que nasço a idea da criação do Banco do Estado em Angola.

O que fez a firma Galileu? Tem na sua mão dois contratos. Um não cumpriu e o outro foi cumprido pelo Estado.

O Sr. Crispiniano Soares disse o seguinte:

Leu.

Depois de tudo isto o Sr. Crispiniano Soares vem dizer que a casa Galileu Correia é um anjo.

Leu.

O que a casa Galileu Correia tinha a fazer, se não lhe convinha, era não pagar.

Depois apareceu a seguinte contradição:

Leu.

"Confiança no Govêrno". Com um grande ponto de exclamação.

Continuou lendo.

Êste director, chefe e secretário do encarregado do Govêrno, conseguiu ver aprovado por unanimidade pelo conselho do Govêrno, êste parecer.

Isto custou o melhor de 276 contos.

Eu convido o Sr. Ministro das Colónias a dizer se a casa Galileu entregou qualquer importância.

Por fim determinou-se que os 1:200 contos fôssem pagos em moeda de Angola que tinha 23 por cento de depreciação.

É preciso que vá alguém governar para Angola; ou falo desafogadamente, pois todos sabem que não aceito êsse lugar.

É preciso uma mão de ferro para bem administrar os dinheiros do Estado.

Outros casos houve que não chegaram a bom termo.

Mas meus senhores eu não vim aqui levantar uma questão escandalosa: vim levantá--la para que a província receba o que se lhe deve, isto é 15:000 contos.

Nós que estamos aqui a sacrificar o contribuinte, a violentá-lo, a arrancar-lhe a pele, não podemos continuar a arrancar a pele ao contribuinte da metrópole, para fazer dêle um tapete a que o Sr. Sousa