O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 15 de Janeiro de 1925 13

pretende atribuir em grande parte o desemprego das classes trabalhadoras — problema que, diga-se de passagem, é hoje muito para atender, como aliás o foi ou devia ser em todos os tempos e que na hora que passa é um dos mais graves, um dos que mais preocupam os homens públicos — nossa exposição — dizia eu — pretende atribuir-se à falta do liquidação dêste assunto da selagem a crise do desemprego. Isto representa, Sr. Presidente, uma mistificação que, dêste lado da Câmara, não deixaremos sem protesto, porque não é o proletariado empregado na fabricação das cervejas, na indústria das águas minerais, em qualquer das indústrias que estão abrangidas pela selagem, não são êsses, repito, que justamente reclamam que lhes dêem trabalho.

A verdade é que as classes que estão lutando com dificuldades de emprego não são aquelas que por qualquer forma dependem da aprovação dêste projecto e das indústrias que com elo se relacionam.

Não nos deixemos mistificar por quem quer que seja, mas sim devemos estar de olhos abertos para defender como parlamentares os interêsses da Nação, e não os interêsses particulares.

Não nos devemos deixar mistificar com essa exploração dos sem emprêgo.

Verificamos hoje que as fôrças económicas, conhecidas por fôrças vivas, se estão organizando politicamente para efeitos eleitorais o que em dado momento sendo aproveitados.

O Sr. Velhinho Correia (interrompendo):— Estão agrupando-se não para efeitos económicos, mas ùnicamente para fins políticos.

O Orador: — Êsses elementos, que falsamente são tomados como sendo as fôrças económicas dêste País, e que, contrariamente à verdade, são considerados como fôrças vivas, estão tomando posições para, na futura luta eleitoral, atacarem, todos aqueles que não comungam nos seus ideais, que não têm outro aspecto e outra modalidade que não seja a de puxarem a braza à sua sardinha.

O Sr. Maldonado de Freitas (interrompendo). — V. Exa. dá-me licença?

O Orador:— Só V. Exa. vai defender a parte contrária, escusa de me interromper.

O Sr. Maldonado de Freitas (interrompendo). — Eu devo dizer a S. Exa. que não a quero defender, mas parece-me bem que a ocasião não é apropriada para as divagações que S. Exa. está fazendo.

O que é necessário é saber se o projecto ó ou não conveniente aos interêsses do País.

O Orador: — Nesse ponto não estou do acordo com S. Exa.

Eu julgo que ó a hora do bordar estas considerações.

Julgo que deviam ter sido ditas estas palavras o que, mais do que nunca, é agora o momento do lançar não só esta verdade, mas o grito de alarme para que todos atentem bem neste aspecto do problema, que é o verdadeiro e o único.

Está-se tratando de deslocar a questão económica para o campo político e empregam-se nesse sentido todos os esfôrços.

O Sr. João Camoesas (interrompendo): — É uma tentativa de organização política.

O Orador: — Eu não julgo que seja uma tentativa de organização política, mas sim uma organização já feita.

Não quero estar a alongar as minhas considerações.

Quero apenas chamar a atenção de V. Exa., Sr. Presidente, da Câmara e de todos aqueles que se interessam por esta questão.

Julgo ter esclarecido já com as minhas considerações a parte confusa que se formou em torno dela, para que amanhã não se diga que do lado do bloco ninguém viu que, a pretexto de uma questão económica, se abordou o campo político, devendo nós dizer que até hoje não estivemos dispostos a atender questões a que chamam económicas, mas que são de mero interêsse individual.

Mas diz-se: há pessoas que assinaram vencidas o parecer da comissão de finanças. V. Exa., Sr. Presidente, ouviu já o Sr. Portugal Durão, digno Presidente desta comissão, explicar a razão e os mo-