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Sessão de 3 de Fevereiro de 1925 9

discutir, ainda não o sancionei, e ainda hoje anulei uma portaria do Sr. Governador Geral de Angola.

O Orador: - V. Exa. na verdade diz as cousas por uma tal forma, que eu confesso que desejaria muito ter a inteligência de S. Exa. para o compreender.

Diz-nos o Sr. Ministro das Colónias que fixou determinadas obras, porém eu tenho a certeza de que S. Exa. não tem o orçamento dessas obras; e assim, não toado o orçamento dessas obras, tanto sabe se essas obras poderão custar mais, como menos, pois a verdade é que relativamente ao caminho de ferro de Loanda, cuja construção deve levar nos dois anos, S. Exa. despendendo metade da verba, ou sejam 30.000 contos, não sabe se ela será de mais, se de menos, e assim, em vez de restringir, poderá aumentar.

Esta é que é a verdade, visto que S. Exa. não tem os cálculos em sou poder como devia ter.

O Sr. Ministro das Colónias (Carlos de Vasconcelos) (interrompendo): - V. Exa. diz que eu estou a legislar para Angola, quando na verdade assim não é, visto que a província de Angola tem o seu Conselho Administrativo.

Ao Ministro compete apenas dar ou negar essas autorizações.

O Ministro das Colónias não pode de maneira nenhuma ter um conhecimento do todos êsses assuntos, pois a verdade é que para isso necessário era que fôsse um enciclopédico.

O Orador: - Eu na verdade nunca chamei ao Sr. Ministro das Colónias enciclopédico, antes pelo contrário, pois a verdade é que, se bem que tenha a máxima estima e consideração por S. Exa., o que é verdade é que o Sr. Carlos de Vasconcelos, como Ministro, está fazendo cousas verdadeiramente diabólicas.

S. Exa. na verdade, inverteu a ordem do problema, dando instruções à colónia.

O Sr. Ministro das Colónias (Carlos de Vasconcelos) (interrompendo): - V. Exa. está absolutamente enganado, pois a verdade é que eu não dei instruções nenhumas.

O Orador: - Tenho sempre o máximo prazer em que S. Exa. mo interrompa.

O Sr. Ministro das Colónias (Carlos de Vasconcelos) (interrompendo): - Eu pedi licença para isso.

O Orador: - Mesmo sem mo pedir licença, fica V. Exa. autorizado para o futuro a interromper-me, sempre que assim o queira e julgue necessário.

O que eu digo a V. Exa. é que, quando aqui nos apresentou a sua proposta, nos declarou o contrário do que agora nos diz.

O Sr. Ministro das Colónias (Carlos de Vasconcelos) (interrompendo): - O que eu digo a V. Exa. é que não podia, de maneira nenhuma' aplicar essa disposição som ouvir prèviamente o Conselho.

O Orador: - O que eu digo a V. Exa. é que tenho pena de não ter estudado no Colégio de S. Fiel, para compreender V. Exa.

O Sr. Ministro das Colónias (Carlos do Vasconcelos) (interrompendo): - Nunca estudei no Colégio de S. Fiel, mesmo porque o voo da águia nunca se pode imitar.

O Orador: - A águia sente as asas quebradas pelos aplausos dos amigos de V. Exa.

O que na verdade é um facto é que eu, por mais esfôrços que faça, não consigo compreender V. Exa.

Mas o Sr. Ministro, que devo naturalmente não dar directivas que pareçam ordens ao Conselho Legislativo, depois de amachucar o Conselho Legislativo de Angola, reduzindo-o a simples intérprete das suas instruções," isto é, invertendo todo o espírito da legislação, determina por sua vez ao Conselho Legislativo de Angola que, para se vingar desta humilhação, converta em sua sucursal o Parlamento da República, e isto é que é demais.

Temos, pelo menos, o direito de dizer que os membros do Conselho Legislativo quiseram ser honestos intérpretes da vontade omnipotente do Sr. Ministro das Colónias que, quando em sua casa se olhar ao espelho, deve dizer um pouco como