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Sessão de 5 de fevereiro de 1925 13

Não querendo entrar; no regime do pão político, o que faz agora o Govêrno? Combina com a Moagem o aumento do preço da farinha, porque não pode deixar de combinar, e diz para si: - Mas, então, aumentando o preço da farinha, é claro que tenho do aumentar o prego do pão.

Isto, porém, não convém nada ao Govêrno porque - releve-me a Câmara a frase - vai escangalhar êste arranjinho da popularidade fácil em que nós andamos.

Nós queremos - e o Govêrno terá empregado até, naturalmente, êste nome trivial- nós queremos mostrar ao pé que somos Ministros, que estamos aqui para realizar uma obra popular, para promover o barateamento da vida.

E, então, como havemos de fazer isso, meu Deus?

Estou a ver a atrapalhação dos Srs. Ministros nessa altura.

Aparecem os donos das padarias e o Govêrno diz-lhes:

- Vocês têm de pagar a farinha mais cara.

- Pois, sim, mas, em tal caso, temos de aumentar o preço do pão.

- Não há dúvida. Vocês aumentam o preço do pão, fingindo que não aumentam.

- Mas como?

- Roubam no pêso ao consumidor, porque nós não fazemos fiscalização.

Eu desejava que o Sr. Ministro da Agricultura, na sua resposta, fizesse o favor de me dizer se isto é verdadeiro ou não, tanto mais quanto é certo que uma comissão de donos foi quem me informou de que S. Exa. lhes dissera que podiam diminuir 70 gramas em cada quilograma de pão.

Repito: isto foi-me afirmado por uma comissão de donos de padarias independentes.

S. Exa. dirá só é verdade ou não.

Sr. Presidente: um Govêrno que procede nestas condições, não cuida senão de enganar o País.

E deixe-me V. Exa. dizer uma cousa: uma pessoa estudiosa como o Sr. Ministro da Agricultura, uma pessoa sincera como S. Exa., uma pessoa que não tem andado nem quere andar metido em habilidades políticas, só certamente devido a fraqueza é que foi levado por êsse caminho.

S. Exa. devia ter chegado à conclusão do que está deslocado dentro de um Govêrno que adopta processos desta natureza.

Sr. Presidente: desejo eu e deseja êste lado da Câmara que a linguagem da verdade seja falada ao País.

São da República, sem dúvida, as responsabilidades da situação a que se chegou em matéria de regime cerealífero, como são dela as responsabilidades de tudo quanto se tem passado, para chegarmos à situação cambial em que nos encontramos.

O Sr. Francisco Cruz (interrompendo): - Restrinja um pouco mais as suas considerações! ...

O Orador: - Não as posso restringir, porque já muitas vezes dêste lado da Câmara temos querido tratar desta questão, o V. Exas., que têm uma minoria numerosa, e, portanto, podiam auxiliar-nos nas nossas reclamações, têm-nos abandonado, não dando até número preciso para o funcionamento da Câmara.

Somos os únicos que podemos falar neste assunto.

O Sr. Francisco Cruz (em àparte): - E nós.

O Orador: - Desculpe-me V. Exa., mas não.

O Sr. Francisco Cruz (em àparte): - V. Exa., que tem o culto da verdade, sabe que isso não é assim.

O Orador: - Peço desculpa a V. Exa., mas é.

O Parlamento não pode deixar de chamar a si a atribuição de legislar sôbre esta matéria, atribuição que, aliás, é exclusivamente sua nos termos da Constituição. Há dois anos que o Parlamento vem abdicando absolutamente de uma função que lhe pertence, não cumprindo assim os seus deveres para com aqueles que o elegeram, não zelando devidamente os interêsses do povo. Há dois anos que o Parlamento deixa que o Poder Execu-