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10 Diário da Câmara dos Deputados

prestígio da fôrça pública, pela razão que lhe assistia, também venha agora marcar uma posição na defesa da instituição parlamentar, a que tenho a honra e o orgulho de pertencer, e do bom nome de todos que aqui se sentam.

Eu desejo que fique bem gravada a posição que quero voluntariamente tomar, para que se não atiro sôbre o Parlamento da República Portuguesa o labéu de que numa hora de agitação e de confusão, a altas horas da madrugada em que, porventura, se tinha perdido aquela serenidade necessária e em que se pronunciaram palavras que a todos nós atingiram, tivesse consentido que só desprestigiasse a fôrça pública.

Não pode passar sem o meu mais veemente protesto o facto de se ter aqui afirmado, em plena Câmara, e levado em letras gordas para os jornais, que a Câmara dos Deputados desejava um Govêrno que se pusesse ao lado dos exploradores contra os explorados e que praticasse a desumanidade de mandar espingardear o povo pelas fôrças da Guarda Republicana.

Apoiados.

Não, Sr. Presidente, é preciso que, de uma, vez para sempre, marquemos posições.

A guarda nacional republicana, o exército, a marinha, a guarda fiscal e a polícia, são corporações que são constituídas por homens do bem, por filhos do povo que vestem uma farda para que sôbre ela recaia a glória que se conquista na defesa da Pátria e da República; tendo ao mesmo tempo o dever de assegurar a manutenção da ordem pública, que é absolutamente necessária para o prestígio da República e até da própria nacionalidado.

Apoiados.

Não, Sr. Presidente, não poderemos, pelo menos sem o meu protesto, deixar ficar pendente sôbre o Parlamento essa afirmativa.

Eu, Sr. Presidente, não estou aqui para servir interêsses inconfessáveis ou para satisfazer ambições de qualquer ordem. Estou aqui apenas pelo amor que tenho à República e à Pátria, e, por isso, quero, Sr. Presidente, um Govêrno que administre bem, que se saiba impor a todas as classes, sabendo, ao mesmo tempo, colocar cada classe no seu devido respeito à lei, à República e ao Poder Executivo.

Eu quero crer, Sr. Presidente, que as próprias pessoas que, aplaudiram essas frases não mediram bem o alcance que elas poderiam ter, não só contra nós, mas até mesmo contra os próprios que as aplaudiram.

Sr. Presidente: essas frases são absolutamente condenáveis porque nos podem trazer, a nós todos, horas sangrentas e dias bem negros para a Pátria e para a República.

Eu, Sr. Presidente, que não sou pessoa que ponha nas minhas palavras o mais pequeno vislumbre de ódio pessoal, eu que não tenho dentro do meu coração a mais pequenina parcela de ódio - mas que pelo contrária encerro dentro dele um amor puro e elevado por esta República - não quero, não posso admitir a hipótese que a Câmara dos Deputados se deixe de pronunciar sôbre um labéu infamante e injusto, que, a ser verdadeiro, nos impossibilite de continuar aqui a representar a Nação.

Sr. Presidente; é demasiadamente conhecido da Câmara e do público, a celeuma, a agitação e politiquice, que em volta dêste caso se tem feito.

Não é, portanto, necessário produzir longas e fastidiosas considerações, para esclarecer o pensamento e quem quer que seja.

A Nação, nesta hora, tem formado, o seu juízo, e da a todos nós julgará.

Mas o que desejo, Sr. Presidente, é que sôbre a moção que mandei para a Mesa, que não traduz qualquer rancor ou ódio pessoal, as que apenas tem o intuito de levantar de sôbre os representantes do povo êsse labéu infamante e injurioso que todos conhecem, recaia uma votação, porventura a unanimidade dos votos da Câmara.

Estou certo de que o próprio Sr. Presidente do Ministério, militar brioso e parlamentar distinto, não deixará de lhe dar o seu voto, e, seja qual for a atitude de S. Exa. há-de guiar sempre os seus passos, com os olhos postos na República e na Pátria, e não deixará de se indignar tanto como eu me indignei.

Assim, Sr. Presidente, realizando-se uma votação da Câmara, acabar-se há com êste trocadilho que anda de boca em