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Sessão de 2 de Março de 1925 17

Quere dizer, o Sr. Álvaro de Castro e o seu Govêrno faziam-se no Banco de Portugal açambarcadores de libras, ao mesmo tempo que a divisa cambial se ia agravando, até chegar a 159$, como há pouco disse, quando o seu dever era influir no mercado de modo que o agravamento se não dêsse, e muito menos que atingisse aquela gravidade.

O Sr. Nuno Simões: - As libras eram açambarcadas e o câmbio piorava.

O Orador: - Tanto maior é a responsabilidade do Sr. Álvaro de Castro, quanto é certo ter S. Exa. no Banco de Portugal um montante de libras superior ao que tinha havido nos anos transactos, deixando agravar o câmbio sem influir no mercado. e ainda com a agravante de que o Sr. Álvaro de Castro tinha a idea fixa de publicar a medida que publicou em relação à dívida externa e tabacos.

S. Exa. devia saber que não tinha necessidade de ter no Banco de Portugal aquele montante de libras, e devia com êle vir ao mercado, para o câmbio se não agravar.

O Sr. Nuno Simões: - O Estado intervindo fez péssima operação.

O Orador: - Essas libras são para o Estado exercer a sua acção reguladora.

A sua obra, com a publicação do referido decreto, é perfeitamente ruinosa; a mais ruinosa de quantas obras se tem levado a cabo neste país.

O Govêrno seguiu política absolutamente contrária à que devia ter seguido.

O Sr. Velhinho Correia: - Não apoiado.

O Orador: - V. Exas., que chamam a toda a gente assambarcadores, é que são os maiores assambarcadores que há: com a medida publicada sôbre os encargos em ouro, permitem uma operação de assambarcamento da libras desta ordem...

O Sr. Velhinho Correia: - V. Exa. por paixão política não quere ver o que é evidente.

"Pois não vê V. Exa. o insucesso do que V. Exa. preconisa?

Não vê que é essa a única maneira de ter stock?

O Orador: - V. Exa. deixaram o câmbio atingir aquela divisa...

O Sr. Velhinho Correia: - Na Áustria fez-se o seguinte: podendo fixar a coroa, em certa posição, fez-se essa operação para o Estado poder recolher e poder levantar essa divisa...

V. Exa. sabe isto perfeitamente; mas está fazendo política...

O Orador: - Não estou fazendo política.

V. Exa. vai ver qual a tremenda responsabilidade dêsse Govêrno em política financeira.

O bloco tem uma política financeira que ora é do uiva maneira ora é de outra.

O Govêrno Rodrigues Gaspar encontrou esta política, e continua a aferrolhar libras no Banco, deixando o câmbio agravar-se.

Nada disto se teria dado, se não fôsse a política errada do Govêrno.

O Sr. Velhinho Correia: - Se não fôsse a oposição com V. Exa. à frente.

O Orador: - As oposições é que sancionaram êsse facto no fundo He maneio.

O Sr. Velhinho Correia: - Refiro-me ao aumento cambial.

O Orador: - É apenas devido à política errada do Govêrno Álvaro de Castro.

Continuou-se essa política; e aqui estão os gravíssimos prejuízos para a economia nacional.

O Tesouro Público comprou libras a 159 escudos.

Isto pode trazer prejuízos que não podemos calcular, porque o Sr. José Domingues dos Santos, como o actual Govêrno, ocultou-nos todos os dados precisos para saber-se qual a importância dos prejuízos causados pelo fundo de maneio.

Assim, aqueles amigos do povo, aqueles políticos esquerdistas e radicais, que acusam toda a gente de assambarcadora. é que são os assambarcadores. Foram êles os verdadeiros assambarcadores em matéria de câmbios, que o levaram ao que se sabe para fazerem uma descida brusca, cujos gravíssimos prejuízos o Tesouro Público está sofrendo.