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Sessão de 10 de Março de 1925 13

não posso deixar de salientar que não podia advogar, nem advoguei, a adopção de medidas perfeitamente iguais àquelas que tinham sido adoptadas em alguns dêsses países.

Nós temos, porém, e felizmente, um temperamento e uma natureza especiais que nos tornam, na verdade, um povo singular que pelos seus sentimentos seria incapaz de suportar qualquer interferência estranha, como sucedeu, por exemplo, com a Áustria. As condições do Estado português, sob o ponto de vista financeiro, são, de resto, bastante diferentes.

Nós podemos hoje discutir os prejuízos da conta de maneio, em resultado da melhoria cambial. Podemos dar hoje às oposições e, sobretudo, aos monárquicos uma arma formidável de ataque à República, qual seja a perda do Estado em virtude dessa melhoria. Não se esqueçam, porém, que lha damos com alegria.

Apoiados.

O Sr. Morais Carvalho: - Os prejuízos já existiam antes da melhoria.

O Orador: - Em virtude do uma política que não foi isolada na Europa e que foi o resultado de meras circunstâncias de momento. Eu não sei o que houve de imperativo na adopção dessa política. Nós temos de julgar os homens públicos em face das circunstâncias em que êles têm de operar.

O que eu na verdade não posso, Sr. Presidente, é deixar do aplaudir as palavras proferidas, não só pelo Sr. Tôrres Garcia, como as proferidas pelo Sr. Velhinho Correia, que também falou sôbre a matéria, tendo até publicado uma entrevista sôbre a situação financeira, marcando uma política cujas intenções eram na verdade justíssimas, e que foram aplaudidas nesta casa do Parlamento, política essa seguida por aquele Govêrno a que eu tive a honra de presidir e do qual faziam parte algumas pessoas que se encontram dentro desta Câmara.

Não se pode dizer que essa obra se deva única e exclusivamente ao esfôrço dêsses homens; mas sim desta Câmara, que, relativamente a êste ponto de vista, seguiu a orientação que êsse Govêrno tinha marcado.

Não me esqueço das palavras aqui proferidas pelo Sr. Presidente do Ministério, o Sr. Vitorino Guimarães, quando respondeu às considerações que eu aqui fiz no momento da sua apresentação, isto é, que estava no propósito de continuar a política de compressão de despesas, política essa que na verdade tem. sido sabotada, permitam-me o termo, sem nenhuma vantagem para o País.

Encontro-mo perfeitamente à vontade " para proferir estas palavras, por isso que presentemente não tenho o receio de provocar a queda do Govêrno.

Sr. Presidente: afirmei e afirmo ainda hoje que o propósito da política do compressão do despesas que se realizou não pode, evidentemente, em absoluto, atingir o seu objectivo, que era o do equilíbrio das contas públicas. Tínhamos, com efeito, de recorrer ao aumento das receitas. E, Sr. Presidente, vem agora a propósito responder às objecções daqueles que, dentro da Câmara e lá fora, têm dito que há maneira superior e mais perfeita (em relação aos actuais fenómenos sociais da vida do nosso Estado) do que recorrer à compressão das despesas e elevação das receitas para o equilíbrio económico e financeiro. Essa maneira é desenvolver a economia nacional.

Ora, só efectivamente fôssemos para uma política dessas e se houvesse um país no mundo que a tivesse, realizado, iríamos cair no caso cómico-trágico daquele homem que à beira do um rio pretendia salvar outro prestes a afogar-se, mas que antes de deitar-se à água tirou muito vagarosamente o casaco, o colete, as calças, os suspensórios e... quando chegou junto dele, já êle estava morto.

O que em todos os países que eu conheço se fez foi aplicar efectivamente a política - que é possível, principalmente depois da guerra, que criou um espírito especialíssimo, uma moral nova, que modificou profundamente as relações dos indivíduos entre si, comunicando-se aos Estados em geral e dando, por consequência, uma fisionomia também nova aos serviços públicos e avolumando extraordinariamente as despesas do Estado, improdutivamente, por vezes - o que se fez, dizia eu, foi aplicar efectivamente a política seguinte: realizar muita economia e pedir ao País os sacrifícios indispensáveis. E foi assim que eu citei (po-