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10 Diário da Câmara dos Deputados

numa linha férrea que não está ainda construída o que têm tanto do adaptação à linha do Ambaca, como as locomotivas da C. P., vindas da Alemanha, a têm para a linha do Vale do Vouga.

Pensar que a remodelação da linha de Ambaca, com três mudanças do directriz, só fazia em dois anos, é levar longe a ilusão.

Todos sabem o que é a construção duma linha férrea dificílima como aquela é, para compreenderem que não haveria fôrça humana capaz de, em dois anos, conseguir a realização de semelhante emprendimento.

Vejo que só tem havido o desejo de gastar dinheiro.

Tenho pela do que mio esteja aqui o Sr. Norton de Matos para dizer da sua justiça, pois é êle o principal responsável da situação da província, porquanto a governou com uma tal liberdade de acção que é a própria comissão de colónias que a classifica de ilimitada.

Pura justificar as minhas apreensões sôbre essa administração, não quero senão citar o que se diz no parecer da comissão de colónias.

E note-se que êle é assinado por pessoas cujos sentimentos republicanos não podem sofrer dúvidas. E digo isto, muito embora eu entenda que em assuntos como êste de que se trata não temos de olhar a regimes.

Estes assuntos devem sor tratados por portugueses, atendendo unicamente ao interêsse da Nação.

Não quero apreciar neste momento se o Sr. Norton do Matos é republicano e se foi ou não monárquico, ainda mesmo durante alguns anos de vigência do actual regime.

Não quero discutir isso.

Quero discutir uma administração que sob o ponto de vista português considero prejudicial, porque comprometeu os interêsses da colónia e tam grandemente que o Sr. Ministro das Colónias, ontem, instava connosco pela votação da proposta por causa da ameaça dos perigos que impendem, e todos nós sabemos que se a administração fôsse o que devia ser não correriam para nós perigos de espécie nenhuma.

O que diz no seu parecer a comissão de colónias?

Diz isto:

Leu.

Aqui está o que foi a obra de Norton de Matos em Angola!

Tal é, como eu dizia desde o princípio, a origem desta proposta do lei: lei esta administração que conduziu a província a uma situação catastrófica. Também não sou eu que o digo, é a comissão que o diz.

Sr. Presidente: tal é, portanto, a emergência em que o Parlamento está colocado, e é essa emergência que eu quero frisar para que as responsabilidades que caibam nela caiam, em quem de direito. E é por isso que lamento que a consciência delas não se impusesse ao Alto Comissário por maneira que S. Exa. aqui viesse ou aqui estivesse a dizer da sua justiça e a responder pela sua administração.

Não suponho, mas isso fica à sua consciência, que a situação que lhe é criada por esta proposta de lei lhe aumente aquela independência e aquela autoridade com que deverá ter de falar muita voz junto do Govêrno de Saínt íamos quem tem a honra de representar Portugal e o seu ultramar, mas isso, repito, é com S. Exa.

Nós estamos, portanto, nesta apertada conjuntura: temos de votar o pagamento das dívidas do Angola. É evidente que se vote; não pode, deixar de ser, nem de outra maneira salvamos a colónia ou encontramos quem possa para lá ir administrar. Suponho mesmo, segundo os jornais noticiaram que o indigitado Alto Comissário, Sr. Portugal Durão, faz disto questão, e é natural.

Se bem que S. Exa. não precise para cousa nenhuma da minha maneira de pensar acerca de si mesmo, não tenho dúvida em dizer que com sincera satisfação vejo S. Exa. ir assumir esta pesada responsabilidade do Govêrno de Angola depois do passado desgraçado que lhe deixou o sen correligionário; e se vejo com mais satisfação S. Exa. para lá ir, é porque, como nós dizemos em calão colonial, ambos somos da outra costa, e eu sei muito bem qual o trabalho de administração que S. Exa. lá fez, sem fantasmagorias de fomento, nem complicações das administrações que lhe eram confiadas, e pelo contrário com serviços incalculáveis para