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Sessão de 18 de Março de 1925 9

Por outro lado, creio que todos que só interessam pelas nossas colónias è natural que só entusiasmem com o problema vasto e belo cuja solução que estava sendo iniciado. Portanto, interessava qualquer português o principalmente quem, como eu, podia partir.

Sob o ponto de vista da minha profissão, como engenheiro e militar, há problemas vários em Angola que estavam iniciados o do que eu tenho, pelo menos, o suficiente conhecimento geral para os poder conduzir à sua solução e para dar aquela esperança que é realmente necessária para quem vai exercer qualquer cargo.

Na sessão de ontem ou do anteontem disse o Sr. Portugal Darão que só tendo sido colono em Angola é que iria para lá e que na outra costa da África é que fora colono.

A êste respeito devo dizer que, não obstante ter desejado o cargo de Alto Comissário de Angola, antes de o aceitar, fiz como que um exame de todas as minhas qualidades o competência para êsse lugar e confesso que senti que me faltava, entre outras, a qualidade de ser colono.

Eu não podia intitular-mo colonial, pela razão simples de não ter estado nas colónias.

Fiz êsse exame, como disse, e com franqueza apreciei êsse título de colono da maneira como vou expor à Câmara muito sinceramente:

As nossas colónias são inteiramente diferentes. O nosso país tem colónias em todos os hemisférios, possuindo as raças que as habitam características perfeitamente diferentes.

Portanto, quando ouvimos designar alguém por colonial, e quererá isso dizer que seja um homem conhecedor de todas as colónias? Com certeza que poucos se poderão gabar do tais predicados. E assim o nosso espírito faz logo a restrição: colonial de onde? Colonial do Oriente ou do Ocidente? Queremos imediatamente esclarecer-nos sôbre a colónia onde êsse indivíduo tem exercido a sua acção.

Nestas condições, não há no nosso meio um colonial que possua um conhecimento completo de todas as nossas colónias.

Por lei, o cargo do Alto Comissário só pode ser desempenhado por uma individualidade que tenha desempenhado altos cargos da República o que não tenha interêsses na colónia.

Mas quem são aqueles que tem conhecimento de qualquer das nossas colónias? São os funcionárias do Estado que vão lá ou quem lá tenha interêsses; mesmo, em colónias da grandeza do Angola ou Moçambique, quem conhece o sul não conhece o norte e vice-versa. Portanto, não se pode, com certeza, exigir que o Alto Comissário de Angola seja um colonial. Nestas circunstancias, considerei possível ser nomeado e aceitar a nomeação.

Posto isto, quero referir como encarei os problemas de Angola. Evidentamente, no dia da minha eleição e nos seguintes, eu apenas sabia, a respeito dêsses problemas, o que o Govêrno e o público sabiam, aquilo que os altos funcionários da colónia informavam.

£ Porque entendi eu que não podia partir antes do dia 1 de Novembro? Entendi que me era impossível partir antes dêsse dia, em primeiro lugar porque o não queria fazer sem possuir elementos indispensáveis e informações necessárias para a minha bagagem do político e de administrador, e êsses elementos oficiais eu só os poderia adquirir desde que estivesse investido no cargo.

Por outro lado, também não desejava abandonar a metrópole sem aqui auscultar o meio colonial. A maior parte dos dirigentes das companhias têm a sua residência legal na metrópole e ser-me-ia muito agradável e interessante falar com êles, com os agentes das companhias o com os seus diversos funcionários.

Não me dispensava disso, a fim de me elucidar e não para fixar o meu critério, mas para fazer vingar o melhor critério.

Mesmo que o meio colonial manifestasse idea contrária à minha ida para Angola, ser-me-ia muito interessante conhecer as suas opiniões. Além disso, "longe da vista, longo do coração, é costume dizer-se.

Eis as razões por que eu não desejei partir logo, conseguindo durante os meses que estava em Lisboa uma preciosíssima colaboração e tendo obtido determinada colaboração para a obra a realizar em Angola, que não pode ser apenas uma obra burocrática o para a qual tem de se contar com as actividades que lá se exercem e principalmente com essas.