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8 Diário da Câmara dos Deputados

A metrópole, à qual podia incumbir apenas o papel do fiscalizadora e dirigente, vê-se por vezos a braços com o pêso da administração das colónias.

Oxalá que esta discussão marque o início duma intensificação da nossa política colonial o que demonstremos que somos uma nação colonial e capazes de exercer uma intensa acção colonial.

Na ocasião, estamos perfeitamente como um montador do máquinas. Necessitamos de reparar a máquina, montá-la, pô-la em marcha, e muito especialmente vigiar se essa máquina funciona sem pannes, mas também sem acelerações que podem, por vezes, causar grossas avarias.

Entendo que o principal volante desta nossa máquina colonial deve ser a lei, o cumprimento exacto da lei. E ha pouco acabei eu de ouvir o Sr. Carneiro Franco o outros Srs. Deputados referirem-se ao moio fiduciário existente em Angola, e pelas palavras de S. Exa. tive a prova de que alguns excederam a competência legal de que estavam investidos.

Resultou isso, única e exclusivamente, do não ter sido publicado em Angola um decreto da metrópole que proibia que, desde determinada data, se fabricassem mais cédulas.

Eu vou expor algumas considerações sôbre a minha situação.

Sr. Presidente: o quadro do Angola, até às vésperas da minha eleição, era o seguinte: Todos, com muito poucas excepções, viam em tôrno do primeiro Alto Comissário do Angola uma aureola e todos, igualmente com poucas excepções, depositavam ainda uma enorme esperança na acção administrativa dêsse primeiro Alto Comissário, o Sr. general Norton de Matos. Nem mesmo o incidente da ida de S. Exa. para Londres e nem mesmo a, célebre interpelação aqui realizada acerca de vários assuntos de Angola fizeram por qualquer forma desaparecer essa auréola ou anular as esperanças depositadas na acção administrativa de S. Exa.

O quadro de Angola, nas vésperas da minha eleição, podia sintetizar-se da seguinte forma: Situação do Alto Comissário em presença dos actos de administração praticados. Situação de Angola perante os encargos tomados.

Evidentemente não tenho de discutir nesta hora a primeira parte, nem propor louvores, nem anulá-los. Os factos são todos do nosso conhecimento. Não serei eu quem levanto novamente esta questão. Mas interessa-me a segunda parte, que poderá definir-se pela seguinte forma: Encargos? Muitos, Recursos? Muitíssimos. Possibilidades? Possibilidades próprias. Companhia dos Diamantes, Caixa Geral de Depósitos e Banco Nacional Ultramarino. Necessidade de economizar, emfim, administrar.

Era êste o quadro de Angola nas vésperas da minha eleição.

Sr. Presidente: quando aceitei o cargo de Alto Comissário, foi-mo dito polo Sr. Presidente do Ministério que era necessária a minha partida imediata para Angola. Efectivamente, o papel que o Alto Comissário teria a desempenhar era êste: O Alto Comissário partiria para Angola, realizaria o empréstimo dos diamantes e utilizaria a Caixa Geral de Depósitos e o Banco Nacional Ultramarino. De resto, bastava-lhe seguir o plano do fomento anterior e administrar.

Sr. Presidente: perante a indicação da minha partida imediata para Angola, antes do ser eleito, eu disse ao Sr. Presidente do Ministério, Rodrigues Gaspar, que não concordava com tal indicação, pois não podia partir antes da primeira quinzena do Novembro. Passados dois ou três dias, e em consequência do conversações realizadas o de corta esperança que eu teria de que o problema se resolvesse, disse ao Sr. Presidente do Ministério que talvez pudéssemos considerar a segunda quinzena do Outubro. Assim, aceitei a eleição perante êste quadro e perante esta perspectiva e fui eleito para o cargo do Alto Comissário.

Eu mesmo desejei ser Alto Comissário de Angola.

Fui eleito para êsse cargo, tive o apoio dos meus correligionários e de mais alguns Srs. Senadores e do meio político, mas desejei ser Alto Comissário.

Desejei ser Alto Comissário por variadíssimas razões. Algumas dessas razões são razões do foro íntimo, mas que eu posso assegurar a V. Exa., Sr. Presidente, que são razões que me levavam a desejar tal cargo. São razões que servem sempre de estímulo para exercer um determinado cargo.