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8 Diário da Câmara dos Deputados

Não há muito tempo ainda que o Sr. Ministro da Guerra, que é um combatente de várias ocasiões, declarou nesta Câmara que não podia entrar na discussão dêste assunto antes de ter absoluto conhecimento dele,

Parece-me, portanto, Sr. Presidente, que os mutilados não ficam em nada sacrificados com o facto e até serão beneficiados.

Não sei se o projecto enferma de algumas dificuldades. O que me parece é que por um ou dois dias do demora não haveria inconveniente em V. Exa. mandar imprimir o parecer e mandá-lo distribuir na Câmara, para podermos fazer a sua discussão com absoluta consciência.

V. Exa. compreende que não procedo assim na pretensão de fazer discursos ou com o simples desejo de embaraçar a questão, protelando a sua analise.

V. Exa. o a Câmara sabem muito bem que não pode haver no meu espírito esto propósito, sobretudo tratando-se, como agora, de mutilados da guerra, companheiros meus de combate.

Proponho, pois a V. Exa. a impressão do parecer, para que amanha pudéssemos, com mais vagar, pronunciar-nos sôbre êle.

Tenho dito.

O orador não rema.

O Sr. Marques de Azevedo: - Sr. Presidente: tendo ouvido as judiciosas considerações do Sr. Amorim Olavo, direi a V. Exa. que concordo inteiramente com elas.

Efectivamente é preciso que todos, mas mais ainda as pessoas especializadas, tenham conhecimento dêsse parecer, para poderem dar conscientemente o seu voto.

Nestes termos, roqueiro a V. Exa. que faça seguir imediatamente para a Imprensa Nacional o parecer em discussão, de modo que na próxima segunda-feira, com preterição de todos os oradores inscritos para qualquer outro assunto, lhe seja discutido.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Paulo Cancela de Abreu: -Sr. Presidente: após um longo período de silencio e de ausência nesta Câmara, permita-me V. Exa. que as minhas primeiras palavras sejam de justificação perante o Parlamento e perante os meus eleitores; não desertei do meu pôsto.

Não foi voluntariamente que abandonei a luta, em que julgo um dever sagrado empenhar-me, como representante da Nação.

Foi a fôrça das circunstâncias que a isso me levou. Foi a razão imperiosa o não fàcilmente domável da minha falta de saúdo, que me levou a abandonar os meus companheiros do luta, que tam altiva, tam nobre e tam brilhantemente tom sabido ocupar esta trincheira da defesa daqueles princípios por nós considerados como os mais ? agrados, como os que mais só harmonizam com os interêsses da Pátria Portuguesa, honrando notavelmente a causa que êles tom o eu tenho a honra de representar aqui.

Aproveito, Sr. Presidente, esta ocasião que se me oferece de quebrar o meu silêncio forçado, para prestar aos meus queridos companheiros de luta a mais calorosa e sentida homenagem, tributando-lhes a minha profunda admiração. Realmente, desde que eu tive de abandonar a sua bela camaradagem, todos êles e especialmente dois deles têm-se mantido com tal galhardia no seu pôsto, que todo o reconhecimento do País será pouco, como recompensa que é devida ao seu esfôrço em benefício da Pátria o da causa que representam.

Infelizmente, não poderei tam cedo recuperar o meu pôsto e auxiliá-los quanto possa, contribuindo com o meu fraco esfôrço para o triunfo do nosso ideal e para que êles pudessem ter o descanso a que têm direito e do que carecem, em vista do esfôrço despendido.

Mas, neste momento, eu vejo-me também obrigado a erguer a minha voz em defesa dessa causa tam justa e nobre que é a dos mutilados da guerra, que está no coração e sentimento do todos nós.

Os mutilados, com efeito, são talvez aqueles homens que, em Portugal, mais merecem o carinho de todos, a protecção e amparo necessários, amparo que eu, dêste lugar, embora inimigo do regime, embora seja um homem que sempre tem clamado contra os excessos e desmandos do dinheiro praticados pela República, não teria repugnância que fôsse até a prodigalidade em benefício dêsses, que são