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16 Diário da Câmara dos Deputados

desafogar um pouco a situação, mas é necessário aproveitar essa aberta, fazendo um apêlo a todos os elementos que possam efectivamente concorrer para a solução completa da crise. Para êse efeito parece-me ser conveniente, por base doutrinária, o livro de Paiva Couceiro, Angola, que já mereceu referências justas da parte do Sr. Ministro das Colónias,

É necessário ver que as condições de colonização não são como as do passado e consequentemente há que aproveitar as lições da experiência.

Neste momento temos limitações importantes à nossa soberania, que resultam das conferências do Berlim o de Bruxelas.

Necessitamos não desprezar factores importantíssimos como o são o Padroado do Oriente e as missões religiosas,

Há ainda que olhar ao desmazelo da administração pública sob o ponto de vista das relações das colónias com a metrópole.

Sob êste aspecto a situação é deveras desalentadora o significa um crime de lesa Pátria.

Para mostrar êsse desleixo não necessito senão dos pareceres que acompanham a proposta em discussão.

.Razão tinha o Sr. Vicente Ferreira para dizer o que disse aqui nesta Câmara, em princípios de Fevereiro, a propósito do debate político que êle levantou.

Notou S, Exa. que desde 1912, data do primeiro contrato feito com o Banco Nacional Ultramarino, depois de proclamada a República, nunca mais o representante do Govêrno, junto daquele Banco, apresentou qualquer relatório.

Não temos nenhuma instituição a informar-nos sôbre o que são as necessidades das colónias. Nada se sabe.

É uma vergonha!

Com que direito nós, que somos a terceira potência colonial, nos havemos do apresentar no concerto das nações a reclamar que nos deixem continuar a nossa acção histórica de colonização, se nós damos o espectáculo de um perfeito descalabro nas cousas de administração até ao ponto de só dar aquela vergonha?

Compreendo que nos acautelemos ante as ameaças da colonização alemã, em África, ante os pruridos de imperialismo da Itália, quanto a Angola, mas não é isso que mais devemos temer. Do que devemos mais recear é da nossa própria acção.

Estamos num desleixo de lesa Pátria, que é necessário acabar e para isso adopte-se, ao menos, uma repartição do Ministério das Colónias, para êsse efeito. Estabeleça-se um organismo permanente que informo os homens do Govêrno do que há relativamente à nossa missão colonizadora, porque quanto aos perigos da concorrência estrangeira, querendo nós, podemos com êles, como o demonstra a lição da nossa história.

A propósito lembro o que sucedeu em 1648, em que estando os holandeses em Loanda, bastou que um português de vontade enérgica e patriótica se colocasse à frente de um punhado de homens, para os expulsar de lá. Êsse homem, cuja estátua existe numa das praças de Loanda, é bem um símbolo da nossa Pátria. Podemos atravessar perigos, mas quando Portugal quere a valer, sabe retomar fàcilmente o seu lugar na história. O necessário é que os homens que têm neste momento a responsabilidade da administração pública em Portugal, tenham-e não duvido disso - um grande amor ao seu* País, o também energia do vontade para fazerem um apêlo a todos os elementos que possam concorrer para a solução das dificuldades que atravessamos.

E tremenda a crise, mas mais tremenda é a falta de vontade da maior parte dos homens públicos.

E necessário voltar as nossas atenções para essa crise de vontades, a fim de nos enchermos de um poder de iniciativa que nunca nos deveria faltar.

Nestas- condições, e com êstes reparos, a minoria católica dá o seu voto favorável à proposta apresentada pelo Sr. Ministro das Colónias. Não nos devemos esquecer que somos a terceira potência colonial, e que os desejos do País são no sentido de que continuemos uma política activamente colonial.

Tenho dito.

O orador não reviu.

Foi lida na Mesa e seguidamente admitida o moção do Sr. Lino Neto.

O Sr. Paiva Gomes: - Sr. Presidente, de harmonia com as disposições do Regi-