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Sessão de 25 de Março de 1925 17

dade para conseguir quaisquer elementos de que precise.

Está presente um director que sabe bom como as cousas se passam. Há alguns funcionários muito bons, mas cuja boa vontade e cuja competência não vencem os embaraços da desorganização.

Por último referir-me hei ao apoio que recebi do Sr. Paiva Gomes, sendo eu governador e S. Exa. Ministro. Confirmo-o plenamente. Direi mesmo que, de todos os Ministros das Colónias, e muitos foram, sob cujas ordens servi, foi o Sr. Paiva Gomes, concorrendo para isso, certamente, as circunstâncias, aquele cujo apoio mais eficaz foi para a minha acção de governador, pois foi S. Exa., como Ministro, que aprovou a construção do porto de Macau.

Tenho muito prazer em o afirmar perante a Câmara.

Dos Ministros que estiveram emquanto eu fui governador, o que mais apoio me deu foi o Sr. Paiva Gomes, e aproveito a oportunidade para o patentear.

O Sr. Paiva Gomes: - Agradeço a V. Exa. as suas palavras e posso afirmar que nunca houve da minha parte má vontade para com V. Exa.

O Sr. Carvalho da Silva: - Sr. Presidente: muito propositadamente, à espera do Sr. Ministro das Finanças, não usei novamente da palavra; mas, ao ver que a Câmara está discutindo um assunto a cuja resolução nós não queremos criar dificuldades, eu não posso esquecer que se trata de um encargo para a Metrópole de cêrca de 200:000 contos.

Em tais condições, eu não compreendo que possa discutir se uma tal proposta sem estar presente o Sr. Ministro das Finanças e sem que S. Exa. diga à Câmara quais os meios financeiros de que a Metrópole dispõe para fazer face a semelhante encargo.

Sr. Presidente: o Sr. Ministro das Colónias, a quem me ligam de velha data relações da mais sincera amizade, foi de uma infelicidade extrema num dos seus últimos discursos, quando verberou o facto de estarmos há vinte dias a discutir a proposta de empréstimo a Angola.

S. Exa. esquece-se de que não é à Câmara que cabem as responsabilidades dessa demora. Essas responsabilidades cabem exclusivamente ao Sr. Presidente do Ministério, que veio protelar a discussão dessa proposta com aquela que apresentou relativamente aos duodécimos.

Depois, uma cousa é reconhecer a necessidade de acudir à província de Angola e outra cousa é saber como se há-de acudir.

O Sr. Paiva Gomes pôs a questão muito bem. Antes de mais nada, é preciso, realmente, saber se no orçamento da província de Angola se não dão os mesmos desregramentos que se verificam no orçamento da Metrópole.

Pois então a situação não é suficientemente clara para que a Câmara dos Deputados veja os inconvenientes de continuar o caminho em que tem andado?

As razões que o Sr. Ministro das Colónias aduziu em favor de Angola têm, também, de ser atendidas em relação à Metrópole, cuja situação financeira é de molde a inspirar os mais desvelados cuidados.

Alguma cousa, porém, se tem avançado na discussão dêste assunto. Até aqui a maioria não podia ouvir criticar, sem irritação, a obra do ex-Alto Comissário Sr. Norton de Matos. Mas hoje já de todos os lados da Câmara se ouve afirmar que a situação da província só deve atribuir-se aos erros de administração e ao delírio de grandeza dêsse ex-Alto Comissário.

Mas se isso já se reconhece, como pretender insistir nos mesmos processos ?

Como há quem venha sustentar que a emenda da comissão de colónias não é uma emenda de admitir?

Sr. Presidente: o Sr. Paiva Gomes, com o profundo conhecimento que tem do assunto, apontou vários casos a respeito da administração do Sr. Norton de Matos, e tam espantosos que chega a parecer impossível que a êsse funcionário, em vez de um castigo exemplar, se tivesse dado o lugar de Embaixador de Portugal em Londres.

E está no Poder um Govêrno que ouviu as palavras insuspeitas do Sr. Paiva Gomes e se não apressou a demitir êsse funcionário!

Sr. Presidente: quando se discutiu esta proposta na generalidade, comecei por apresentar a objecção de que não seria no