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12 Diário da Câmara dos Deputados

do seu Ministério não dá seguimento a alvitres que se lho apresentam, nem aplica sanções a irregularidades que são postas sob os seus olhos.

Declarou o Sr. Ministro das Colónias que nada de novo resultou dessa discussão.

Não resultou nada de novo para q nem, como S. Exa., conhece bem todos os assuntos de Angola; mas resultou alguma cousa de interessante: foi o verificar-se que todo o Parlamento se está interessando em absoluto pelo problema de Angola, que é um problema nacional.

Demais, Sr. Presidente, está o Parlamento a funcionar da forma como está com a ausência de um dos partidos constitucionais da República, o Partido Nacionalista, que é de republicanos como nós, e interessado também nos problemas que são essenciais à vida da República.

Nestas circunstâncias, Sr. Presidente, eu não posso deixar de dizer que o Sr. Ministro das Colónias foi um tanto ou quanto injusto para com o Parlamento, dizendo que êste assunto se vem arrastando.

Em assuntos desta natureza, Sr. Presidente, eu entendo que é de toda a conveniência que se discutam as contas, tanto mais encontrando-nos nós na situação em que nos encontramos.

Vamos, Sr. Presidente, dar 34:000 contos para obras de fomento, quando é certo, e isto é do conhecimento de V. Exa. que nós, Deputados por diversos círculos, estamos sem caminhos de ferro e sem estradas. A verdade é que se anteriormente eram necessários 20:000 contos para reparação de estradas, hoje são necessários 430.000 contos, ùnicamente para reparar as estradas que existem, sem falar em novas estradas.

Há concelhos no País, Sr. Presidente, como, por exemplo, aqueles que pertencem ao meu círculo, que ainda não estão ligados, por isso que não têm estradas.

Uma voz: - Há muitos nessas circunstâncias.

O Orador: - V. Exas. não podem deixar de me dar razão, pois a verdade é que estamos sem caminhos de ferro e sem estradas, porque não há dinheiro.

O Sr. Velhinho Correia (interrompendo): - E as escolas primárias que estão
a cair?

O Orador: - Na verdade, não temos também escolas; as que há estão a cair, não havendo dinheiro para as mandar reparar.

Há um organismo e que se chama Repartição de Construções Escolares. Já é velho.

Dá-se porém êste caso paradoxal: vive para ficar apenas uma verba para pagamentos e que não fica barata.

Além da verba normal, temos as verbas anormais de ajudas de custo.

Temos os postos abandonados e votamos leis para determinadas províncias.

Assim vivemos pobrezinhos. E certo que honestamente, mas sem margem para largos voos, para largos caminhos.

Li num jornal que não havia motivos para aflições: o dinheiro vinha para acudir as necessidades de Angola.

Mas então vem trazido por alguém, algum tio rico vindo dos Estados Unidos, ou será uma destas manhas em que são useiros e vezeiros os homens de dinheiro ?

No emtanto não podemos contar com o dinheiro de fora.

Não inspiramos confiança a todo o mundo. Mas embora venham os milhões, é bom não esquecermos que os milhões, vencem juros.

Assim que êles venham, gastam-se, e nós temos de contar com as anuidades de amortização e juros.

Estou ansioso por ouvir da boca do Sr. Ministro das Finanças a resposta à pregunta que formulei sôbre as disponibilidades da Metrópole.

Mas, antes de terminar, desejava que o Sr. Ministro das Colónias me dissesse se é verdadeira a notícia, várias vezes publicada, sôbre os intuitos de S. Exa. acerca da reorganização do Ministério das Colónias.

Julga-se S. Exa. autorizado a fazer essa reorganização?

O Sr. Velhinho Correia (interrompendo]: - Está autorizado, desde que seja para reduzir despesas e serviços.

O Orador:- Eu sei que V. Exa. é mestre em autorizações, e é por isso, a êste