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8 Diário da Câmara dos Deputados

advogados, têm tido interferência nesta questão.

O Sr. Ministro do Interior, com a responsabilidade do seu nome, não pode mais continuar naquelas cadeiras som dizer e demonstrar quais são os seus colegas desta Câmara que fazem do Parlamento balcão dos seus negócios.

E, Sr. Presidente, a situação é tam melindrosa e tam delicada que não pode satisfazer-se com breves explicações dum Ministro que, porventura, numa questão desta natureza, que eu considero nacional e que aqui trouxe com a minha consciência tranquila de que prestara um serviço ao país, dó apenas uma tradicional resposta política.

O Sr. Ministro do Interior tem de dar explicações bem claras, a fim de não provocar da minha parto aquela oposição de que teria de lançar mão, para que lá fora se não dissesse que o Sr. Ministro do Interior tinha lançado suspeições graves sôbre os seus colegas nesta Câmara, e não as tinha feito depois desaparecer.

Sr. Ministro do Interior: mantive com V. Exa. as melhores relações do cortesia; mantive com V. Exa. as relações que devem manter aqueles que andem juntos trabalhando para o mesmo ideal comum, o cuja única preocupação tem sido o engrandecimento da República. Sou daqueles que recordam com sentida mágoa, o malogrado estadista António Granjo, que diz no seu último livro que nós, a família republicana, parece que temos os olhos para nos odiarmos e a boca para nos ofendermos.

O Sr. Ministro do Interior há-de fazer a justiça de me julgar incapaz do vir ao Parlamento servir-me da minha situação de advogado, para junto dos meus colegas, com a minha influência pessoal ou política, conseguir qualquer cousa que não seja aquilo de que a Nação necessite ou aquilo que, com os limitados recursos que tenho das cousas públicas, não reconheçam como sendo necessário ao prestigio e engrandecimento das instituições republicanas

A minha vida nada tem de incorrecta e são morais os assuntos que aqui trato. Assumo as responsabilidades de tudo que pratico, tanto na minha vida particular como na minha vida parlamentar.

Tenho 32 anos o posso cuspir para o ar sem receio que o cuspo me caia na cara. Tenho tido como companheira, que me tem orientado e guiado sempre com honestidade e como homem de bem, a minha consciência.

Tenho sido sempre respeitado e considerado como homem de bem, até pelos meus próprios adversários; mas hoje chegamos ao ponto do ter que apelar para as pessoas que nos conhecem e eu peço a V. Exa., Sr. Presidente, que convide o Sr. Ministro do Interior a explicar sem sofismas, sem interpretações dúbias, por uma maneira dam, as frases infelizes do seu discurso.

Tenho dito e fico aguardando.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Ministro do Interior (Vitorino Godinho): - Sr. Presidente: porque é meu costume ter sempre para com todos a máxima lealdade, dúvida nenhuma tenho em repetir algumas das considerações que ontem fiz, explicando o que porventura não ficasse explicado, e mesmo repetir aquilo que os jornais deturparam.

Comecei eu por estranhar que nesta casa se fôsse tratar a questão do Rosmaninhal na quinta-feira em negócio urgente, justamente quando não estava presente o Ministro do Interior.

A minha estranheza justificava-se tanto mais quanto é certo que o Sr. António Correia, segundo fui informado, mandara para a Mesa uma moção de desconfiança, mas que foi substituída por outra. Já ontem disse, e repito, que esta questão do Rosmaninhal devo ser tratada com toda a largueza, e também que nunca pus a fôrça pública em defesa de interêsses ilegítimos.

Tenho que levantar essa frase, e parece-me a minha estranheza legítima por só querer tratar em negócio urgente, quando melhor seria ser feito em interpelação. Esto assunto deve ser aqui tratado com toda a largueza.

Apoiado do Sr. António Maria da Silva.

Deve ser tratado como questão de ordem pública, de ordem social e ordem jurídica.

Apoiado do Sr. Nuno Simões.