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Sessão de 1 de Abril de 1925 9

Sob o ponto do vista jurídico deve ser tratado nos tribunais, como ordem pública deve ser tratado pelo Poder Executivo.

Eu ,disse que esta questão tinha sido envenenada por advogados de uma e outra parte e no meu gabinete do Ministério do Interior eu fui procurado já por advogados de uma e outra parte.

O Sr. António Correia (interrompendo): - V. Exa. pode-mo dizer só eu já alguma vez o procurei para tratar do assunto?

O Orador:-Eu tenho a impressão de que na verdade V. Exa. me procurou para tratar do assunto, já depois de ser Ministro do Interior.

O Sr. António Correia (interrompendo):- V. Exa. está enganado, pois a verdade é que a única vez que o procurei, depois de S. Exa. ter tomado posse da pasta do Interior, foi para tratar de um caso bem diferente, isto é, para tratar da colocação de um indivíduo nas ilhas.

O Orador: - Tenho a impressão de que V. Exa. já me falou ligeiramente no assunto.

O Sr. António Correia (interrompendo):- V. Exa. compreende que isto não pode ficar assim, tanto mais tratando-se de um caso importante como êste é.

Torna se absolutamente necessário que V. Exa. diga à Câmara claramente se eu o procurei já alguma vez como advogado, interessando-me por qualquer das partes.

O Orador: - Se V. Exa. me pregunta se me procurou como advogado, dir-lhe-hei desde já absolutamente que não.

Sr. Presidente: continuando, repito o que ontem já tive ocasião de dizer nesta Câmara, isto ó, que esta questão se encontra envenenada pelos advogados, quer duma, quer doutra parte.

Já fui procurado no meu gabinete por alguns advogados, conformo disse à Câmara, tendo-lhes feito saber que não tinha nenhuma má vontade contra êles, tanto mais tratando-se do uma classe onde tinha alguns parentes próximos.

Eu já disso que tinha o máximo empenho em que a questão seja aqui tratada largamente, como merece, mas por parlamentares e não por advogados, pois a verdade é que ela está já envenenada pelos advogados.

O que eu estranhei, Sr. Presidente, foi que o Sr. António Correia não tivesse enviado uma nota do interpolação para a Mesa e desejasse tratar do assunto em negócio urgente.

O que é verdade é que eu não conheço ainda a questão nos seus detalhes, pois a verdade é que ainda não tive tempo do estudar todo êsse processo também que é longo e na verdade difícil.

O Sr. António Correia (interrompendo): - O que é um facto é que depois de ter sido feita a escritura dos 400.0005, foi mandada retirar a guarda republicana que lá estava para manter a ordem.

O Orador: -V. Exa. acaba de dizer que eu mandei retirar de lá a guarda republicana.

O Sr. António Correia: que foi V. Exa.

Eu não disse

O Orador: - Mas eu digo a V. Exa. que fui eu que a mandei retirar, mas não justificar a razão do meu procedimento.

O Sr. Joaquim Ribeiro (interrompendo): - Há escrituras de todos os lados, isto é, comer à tripa forra!

O Orador: - Se a escritura é de 25 de Janeiro, foi no fim de Fevereiro que eu mandei retirar a guarda em virtude dos relatórios dos oficiais que comandavam essa fôrça.

Feita essa experiência, veio logo o governador civil do Castelo Branco declinar a responsabilidade do que pudesse vir a suceder, dizendo que não se responsabilizava pela manutenção da ordem pública.

Imediatamente vieram indivíduos ligados ao sindicato protestar contra a retirada das fôrças da guarda republicana.

Novamente mandei a guarda, e, por informações que tenho, as tropelias não foram tam longe como se afigurava ao Sr. governador civil.

Estou convencido de que a questão se resolverá no dia em que um lado e outro ponham de parte os advogados.