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Sessão de 2 de Abril de 1925 37

O Orador: - Perdão! Os números oficiais falam bom alto.

Ouça V. Exa.:

Leu.

Vê, pois, V. Exa. que os seus números estão errados.

O Sr. Tôrres Garcia (interrompendo): - Perante êsses números, estão erradíssimos.

O Orador: - Êstes números são exactos, o suponho que nem V. Exa. nem ninguém os poderá pôr em dúvida.

O Sr. Tôrres Garcia (interrompendo): - O que é certo é que os fósforos de $10 ninguém os encontra.

O Orador: - Estão aqui.

O Sr. Carneiro Franco (interrompendo): - Mas não só encontram os fósforos.

Temos o mesmo caso dos tabacos, e V. Exa. sabe que os números fornecidos pela companhia não estavam certos.

O Sr. Tôrres Garcia (interrompendo): - V. Exa. dá-me licença?

Os fósforos do $10 foram vendidos até Abril de 1924, o desta data em diante nunca mais apareceram.

Se V. Exa. me pudesse fazer o obséquio do obter o consumo escalonado por meses em 1924, verificaria que os de $10 foram consumidos durante os quatro primeiros meses dêsse ano.

O Orador: - Eu apenas quero chegar à conclusão de saber qual é o produto da venda dos fósforos fabricados.

A comissão do comércio e indústria diz que o preço de $20 por caixa representa a actualização do produto.

O Sr. Tôrres Garcia diz: é a actualização completa.

Sr. Presidente: à face dos números não é actualização.

Digo isto para pôr a Câmara de prevenção contra acontecimentos futuros.

Trocam-se explicações, em diálogo, entre o orador e o Sr. Tôrres Garcia.

O Orador: - Quanto a mim a actualização não é completa.

Pelos dados que compulsei, chego à conclusão de que os preços de 1924 sôbre os de 1914 representam um acréscimo de 29 vezes.

E os produtos químicos subiram extraordinariamente.

Já vê, portanto, a Câmara que não é exagerada a percentagem marcada pela comissão.

Não é de mais, repito, 20 vezes; no emtanto se V. Exas. entenderem que é, poderão contestá-lo.

Trocam-se àpartes.

O Orador: - A comissão de finanças, a meu ver, procedeu como devia, pois a verdade é que, atendendo ao produto da venda dos fósforos, 25 vezes mais não é exagerado, a meu ver.

Trocam-se novos àpartes.

O Orador: - Diz, Sr. Presidente, a comissão de comércio e indústria sôbre o assunto o seguinte:

Leu.

Eu entendo, Sr. Presidente, que o que se tem dito sôbre o assunto não tem razão de ser, pois, a verdade é que se trata de uma companhia que vem de antes da guerra, tendo o seu capital desvalorizado, pois a verdade é que ela não tem culpa do aumento da circulação fiduciária, nem, tam pouco da situação em que o País se encontra.

A companhia não tem na verdade culpa da situação em que nos encontramos.

De resto, Sr. Presidente, ela, distribuindo hoje o dividendo que distribui, não faz mais do que dar aos accionistas aquilo a que êles têm direito devido à desvalorização da moeda.

Trata-se, como já disse, de uma indústria montada antes da guerra com um capital do aproximadamente 4:500 contos, e assim não é de mais que os accionistas recebam hoje um dividendo de perto de 40 por cento, quando na verdade antigamente recebiam 9 por cento.

O Banco de Portugal é um banco do Estado que vive num regime muito especial, regime contratual, que se não pode comparar com o regime da Companhia dos Fósforos.

Comparem sim a Companhia dos Fósforos com uma companhia de lanifícios; então sim, é que é exacta a comparação.

Quando vi no jornal que distribuía dividendos de 400 por cento, considerei