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Sessão de 2 de Abril de 1925 43

E não foi com pouco dinheiro e trabalho que Taylor fez os seus estudos; só a parte que diz respeito ao corto do metais lhe custou algumas dezenas de milhares de francos.

Taylor educava primeiro os operários um a um, e quando depois tinha os elementos essenciais de acção é que chamava os industriais e lhes expunha a sua teoria.

Mas isto é apenas um parêntesis que fui obrigado a fazer para poder provar ao ilustro Deputado Sr. Tôrres Garcia que a experiência que invocou não é de invocar.

Uma exploração industrial é constituída por três ou quatro factores diferentes - três ou quatro conforme o grau de cultura dos países - pelos factores do trabalho, do capital e da comunidade (visto que não pode haver indústria sem haver consumidores) e, ainda, pelo factor direcção.

Se o ilustre Deputado quiser encontrar a definição sã dêstes quatro factores, pode fazê-lo consultando o livro do notável sociólogo Mackenzie King, livro êste que é considerado como dos do maior inspiração nos países de língua inglesa, e ainda no número de Janeiro de 1922 da Revista. Internacional do Trabalho.

O Sr. Tôrres Garcia (interrompendo): - Também podia citar dezenas de autores a que me hei-de referir daqui a pouco.

O Orador: - Cada um dêstes factores faz parte da exploração industrial e todos êles são inteiramente indispensáveis ao seu funcionamento normal.

Organização industrial democrática é aquela em que na sua direcção se encontram representados em igualdade de circunstâncias os três ou quatro factores.

Ora, Sr. Presidente, na Fábrica de Vidros de Marinha Grande faltou, pelo menos, para o nosso caso, o factor comunidade.

Sr. Presidente: ou sou pelo sistema da régie, mas não da maneira como se tem realizado em Portugal, em que o Estado assimila como regras de organização de trabalho o mau ambiente, em que o Estado colabora como patrão e ter um patrão em piores condições económicas do que os outros.

Nós devíamos constituir uma régie moldada nos princípios modernos que em vários países da Europa estão em laboração.

Sr. Presidente: entendo que num país em que o capital está do tal maneira educado, em que as maiores riquezas nacionais do Portugal não têm sido aproveitadas senão 110 regime de exploração, num país em que a nossa energia hidráulica está por fazer, num país em que está apenas educado para emprestar dinheiro aos gaioleiros ao juro do 30 o 40 por cento e num regime em que o capital individual está educado de tal forma que não ô possível fazer-se uma derivação de capitais para as nossas províncias ultramarinas, é completamente insuperável conseguir-se fazer qualquer cousa neste sentido, o só num regime de organização democrática dentro do ponto de vista económico do País se poderia fazer alguma cousa.

Sr. Presidente: se a República não tivesse deparado com a triste herança que a Monarquia deixou em todas as categorias, e por consequência se ao implantar-se tivesse encontrado constituídos os quadros indispensáveis a uma transformação das actividades, não se chegaria a esta situação o a esta atmosfera do suspeição moral.

Em quanto existir uma organização económica que só pode viver de artifícios da política rótulo de concessões, nada se poderá fazer.

Emquanto houver esta distinção entre a actividade económica o a política, estas suspeições são inevitáveis, por maior que seja a valentia e a coragem com que só olhem os anónimos às esquinas.

Sejamos, pois, coerentes!

Façamos por acabar com esta espécie de comédia que vimos a representar há 15 anos, de querer fazer uma República com monárquicos, obrigando-nos por uma série do razões fundamentais e práticas - porque não há nada, por bom que seja, que, quando se começa a executar, não seja defeituoso - a seguir o verdadeiro caminho e não estando ainda a aumentar a doença.

Prossigamos então, Sr. Presidente, no sentido de que o Estado tome à sua conta o fabrico dos fósforos em Portugal. Que se proponha à Companhia dos Fósforos que represente o favor capital do tipo a mar-