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Sessão de 2 de Abril de 1925 49

que sôbre esta indústria o Estado exercia em 1890 e os que sôbre ela está apto a exercer em 19JD, há um valor - e êste deve ser traduzido naquilo por que se representa o valor, o dinheiro - em que o Estado deve tentar participar por intermédio duma operação que se chama apport ou traspasse.

Mas, Sr. Presidente, pedi a palavra, principalmente, para desde já responder a S. Exa., para lhe dizer que a base é absolutamente indispensável, porque deixar o Poder Executivo sem essa arma na mão o mesmo seria que colocar o povo português na contingência de não ter fósforos a partir de 28 de Maio.

Evidentemente que esta cláusula não agrada à Companhia dos Fósforos, sendo natural que levante grande celeuma e que essa celeuma provoque de início um alheamento dos capitais portugueses da indústria dos fósforos, de tudo resultando que em dado momento a todas as dificuldades se junte a de não haver fósforos, e por conseguinte, é prudente que ao Estado fique assegurada a faculdade de chamar a si, quando o julgar conveniente, o exclusivo da importação. Isto também trará dificuldades para o Estado, uma das quais é a do pessoal, e sôbre êste capítulo devo dizer a V. Exa. o seguinte: se a comissão de comércio e indústria definiu apenas uma atitude do Estado para com os operários, 400, que vieram do regime da liberdade para o regime actual, por disposição do Govêrno, essa comissão nunca pensou alhear-se da parte do pessoal que foi chamado a essa indústria posteriormente à assinatura do contrato. E intenção da comissão de comércio e indústria assegurar ainda neste diploma o trabalho a êsses operários, muitos dos quais, alguns até com mais de vinte anos de serviço, não poderiam fàcilmente procurar ocupar-se noutra profissão.

Mas, Sr. Presidente, que seria do Estado se a importação se fizesse? Eu digo-o imediatamente a V. Exa. Admitindo que o consumo no País era de 180 milhões do caixinhas de fósforos, como consta dos números oficiais, e que o E;4ado dessa importação pudesse apenas côlher a comparticipação fixada na proposta, ou sejam $05 por caixa, teríamos imediatamente 9:000 contos de receita para o Estado.

Como já disse de tarde, havia a intenção nestas associações de capitais de o Estado ir buscar aos lucros da companhia, capitalizado em acções, aquilo que deixou de se fazer através duma renda razoável.

Era uma maneira um pouco razoável, e o Estado podia assim refazer-se de certos lucros.

Cumpre-me agora referir-me ao discurso do ilustre Deputado e meu amigo Sr. João Camoesas. Sabia já os princípios que S. Exa. pretende divulgar e propagar.

Mentiria, mesmo se não dissesse que um pouco intencionalmente fiz a afirmação a que S. Exa. se referiu, para que S. Exa expusesse à Câmara, detalhada e pormenorizadamente, os seus pontos de vista, a fim de que estas pudessem ser apreciadas pela Câmara.

Conheço, Sr. Presidente, a orientação scientifica do trabalho, o taylorismo, ou seja a modalidade francesa, quanto a ruim a mais perfeita, a mais liberal e mais rendosa.

Dizia eu que, embora conhecendo um pouco essas doutrinas, não tinha o poder de persuasão de S. Exa. para poder convencer os outros, além de que não sou n m entusiasta delas e temo todos os entusiasmos que não sejam adaptáveis ao meio.

Depois, tenho fortes razões para dizer que Portugal se encontra, em relação aos países onde essas doutrinas são propagadas, num atraso de muitos anos, devendo acrescentar que, quando elas se encontram nas fases evolutivas, ainda muito atrasadas no campo económico e, portanto, industrial, até mesmo êsses países se ressentem dos processos a que o ilustre Deputado se referiu.

Diz S. Exa. que um dos factores primordiais para o estabelecimento dos sistemas que apresentou é a existência da possibilidade trabalho.

Vemos que o ilustre Deputado traz a introdução de um elemento novo, que é o elemento comunidade, mas que nós não podemos oferecer num país pequeno e pobre. Todas as indústrias que se desenvolvem e progridem, que encontram saída fácil aos seus produtos e empregam a sua actividade automaticamente, por taylorismo, procuram pôr os seus artigos metidos em equação com as necessidades da pro-