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Sessão de 22 de Abril de 1925 21

reiro, porque me consta que a própria comissão foi de parecer que sôbre êle não existe absolutamente nada. Não creio, portanto, que a Câmara tenha sôbre êle outro procedimento que não seja o que é legítimo ter.

Sr. Presidente: fez-me impressão (confesso-o a V. Exa. e à Câmara) a leitura da carta do Sr. Cunha Leal. Quem tiver lidado com êle de perto, quem o conhecer bem, é incapaz de ter a mais pequena dúvida de que tudo quanto S. Exa. afirmou é exactamente a expressão da verdade. Para não o acreditar, é absolutamente necessário nunca ter falado com êsse homem, uma vez ao menos.

Ninguém, na situação de S. Exa., se atreveria a fazer uma afirmação dessas, a subscrevê-la sob sua palavra de honra porque, Sr. Presidente, a prova do contrário que um dia se fizesse era a afirmação categórica da não existência de carácter em quem assinava essa carta. O Sr. Cunha Leal não escreveria esta carta se não soubesse muito bem o que estava fazendo, se não pudesse demonstrar absolutamente que não tem a responsabilidade que lhe é assacada.

Sr. Presidente: eu tinha de proferir estas palavras.

Aqui têm, V. Exa. e o País, a explicação da nossa vinda aqui.

Das minhas palavras eu creio que resulta também o poderem V. Exas. ver que nenhum propósito de especulação política ou de agravo para aqui nos impeliu.

Trouxe-nos - repito - o cumprimento de um dever sagrado.

Nós viríamos através de tudo, fossem quais fossem as consequências.

Apoiados.

Viríamos porque só assim cumprimos o nosso dever; viríamos porque o acto praticado contra os nossos correligionários o camaradas nesta Câmara a isso nos obrigava.

Como V. Exas. vêem, eu chamei-lhe um acto; não o classifiquei, nem o adjectivei. À consciência de cada um de V. Exas. deixo a resolução do caso.

Nós viríamos, da mesma maneira, se se tratasse de um correligionário que não fôsse aquele que tem, de facto, uma situação dentro do nosso partido.

Apoiados.

Mais: eu falo neste momento, usando até das mesmas palavras que noutras vezes tenho usado, quando não são correligionários meus que se encontram em idênticas circunstâncias.

Lembra-se a Câmara da minha atitude a quando da prisão do Sr. Vergílio Costa, que não ora meu correligionário, e a quando da prisão do Sr. Cortês do Santos, que também nunca foi meu correligionário.

Há uma diferença apenas: nessa ocasião, porque as minhas palavras não podiam ter qualquer significação, diferente daquela que eu lhe queria dar, classifiquei êsses actos; desta vez, não os classifico.

A consciência da Câmara, repito, deixo a resolução dêste caso, o tenho a convicção absoluta de que nenhum daqueles que são meus colegas nesta Câmara deixará de votar como a sua consciência lhe ditar, livre de qualquer propósito ou idea reservada.

Apoiados.

Isto, Sr. Presidente, digo-o sinceramente convencido, porque acima das paixões políticas há alguma cousa que nós prezamos: a nossa própria dignidade.

Apoiados.

Tenho dito.

O Sr. Carvalho da Silva: - Sr. Presidente: como V. Exa. viu, dêste lado da Câmara não se inscreveu nenhum Deputado para discutir esta questão; não, Sr. Presidente, porque houvesse qualquer quebra no seu espírito de camaradagem para com dois colegas que estão presos, mas porque precisamente entendemos que se trata das prerrogativas de dois parlamentares, e assim não quisemos que ninguém supusesse que trazíamos a nota política para esta questão.

Esperámos que alguém usasse da palavra, de qualquer dos outros lados da Câmara, para então nos pronunciarmos sôbre o assunto.

Só ante a declaração de V. Exa., de que não havia mais ninguém inscrito, eu me apressei a usar da palavra.

Sr. Presidente: a Câmara acabou de ouvir a leitura do uma carta do Sr. Cunha Leal, carta que S. Exa. firma com a sua palavra de honra.

Ainda mesmo, Sr. Presidente, que nós não tivéssemos, antes de ouvir a leitura