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18 Diário da Câmara aos Deputados

por onde dêsse, ir a Washington como nação, o para isso quis forçar outras nações a tratar diplomaticamente com êle. Que lhe ocorreu então? Na resposta a esta pregunta está a explicação, que se reconhece a única que pode ver-se, para os incidentes que só deram em Macau. Ao govêrno do Cantão ocorreu provocar um conflito sôbre Macau com Portugal, que nos levasse ou a capitular, satisfazendo assim as ambições chinesas, ou a provocar a intervenção da Inglaterra o outras nações, que pudessem impor depois o govêrno de Cantão em Washington, como uma nação a admitir. Esta é a explicação que se vê para os incidentes ocorridos no porto do Macau em Setembro do 1921, incidentes que vou relatar à Câmara.

Um dia apareceu nas águas do porto interior do Macau, águas que nós temos sempre afirmado serem unicamente portuguesas, um grande barco a remos com uma fôrça militar dentro o um oficial chinos a comandá-lo, tendo à popa a bandeira chinesa e à prôa um distintivo do dignidade militar.

Êsse barco começou a fazer muito afoitamente polícia no porto do Macau. E claro que não havia autoridade alguma portuguesa que consentisse semelhante cousa.

Uma embarcação da polícia do porto dirigia-se a êsse barco, a fim de intimá-lo a cessar com êsse procedimento.

Do barco responderam incorrectamente. Então a embarcação portuguesa, que não tinha armamento, apitou, pedindo socorro, o qual lho foi dado por um molor-bote devidamente animado. O barco chinês dirigiu-se para a praia da Ilha da Lapa, onde a sua tripulação se entrincheirou, e rompeu fogo sôbre a embarcação portuguesa.

Mataram alguns dos nossos homens.

Nestas condições, a embarcação portuguesa fez o sou dever: respondeu também com fogo.

Não o fez por minha ordem, mas se me houvesse sido solicitada essa ordem, decerto que eu não teria dado outra.

Apoiados.

Era a soberania portuguesa que ali se representava. Não se podia consentir em tal desacordo.

Apoiados.

Ante a atitude dos nossos homens, e apôs terem sido feitos cinco tiros da nossa parte, cessou o fogo da parto dos chinas.

Contra o que se passava eu protestei imediatamente. O govêrno de Cantão também protestou.

Quando ainda estávamos no embaraça daquela situação, entra no porto de Macau um navio do guerra chinos, um torpedeiro, êsse célebre torpedeiro de que ontem falou o Sr. Rodrigo Rodrigues. Foi fundear num sítio que não constitui, segundo os regulamentos do porto de Macau, fundeadouro para êsses navios, pois no porto do Macau existe, como em muitos outros portos, uma parto destinada a, quadro dos navios de guerra estrangeiros.

Isso, porém, era um incidente, aliás vulgar. Várias vezes se dava o caso de navios chineses entrados no porto do Macau, fundearem fora do quadro dos navios do guerra, desobedecendo por essa forma ao regulamento do porto. O que sucedia em tais casos?

A nossa autoridade intervinha o convidava-os a rectificar o seu fundeadouro. Com mais ou menos embaraços lá só solucionava o assunto.

Desta voz, porém, o torpedeiro resistiu mais, o do facto marcou-se-lhe uma determinada hora para Cie cumprir a indicação que lhe era feita.

Compreendem V. Exa. que ou então já percebia que aquele caso do torpedeiro não ora o caso vulgar doutros barcos. Não!

Havia um espírito de provocação, havia um desejo de conflito, e quanto mais submisso eu fôsse pior ficaria colocado Portugal.

O facto é que no prazo indicado o torpedeiro obedeceu.

Foi o único ultimatum que se mandou, e foi cumprido.

Neste ponto eu desfaço a afirmação do Sr. Rodrigo Rodrigues.

Dois dias depois o torpedeiro voltou ao mesmo lugar.

Vai de novo a autoridade a bordo.

Então o comandante do torpedeiro mostrou uma ordem escrita do govêrno de Cantão, para que não respeitasse as autoridades portuguesas.

Então o caso atingiu proporções muito graves.