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Sessão de 4 de Junho de 1925 19

Havia só que fazer uma de duas cousas. Ou eu aceitava como boa aquela ordem do governo de Cantão dada ao sou navio, e Portugal abdicava do direito exclusivo sôbre o seu porto interior de Macau, ou eu impunha a autoridade portuguesa.

Foi então que, na previsão de conflito com quatro barcos, que tantos eram os navios de ,guerra chineses surtos no porto, e com as fôrças da Lapa, se mobilizou tudo e se ocuparam posições, pois que eu estava decidido a manter a honra da bandeira de Portugal.

Apoiados.

Foi nessa altura que o comandante de um monitor inglês, o Tarântula, se apresentou no palácio do Govêrno, dizendo que em nome do Govêrno Britânico pedia ao governador de Macau que não procedesse imediatamente, que permitisse que o assunto fôsse tratado por intervenção da Inglaterra, pelas vias diplomáticas.

Ouvi êsse pedido e para aceitá-lo impus o seguinte:

Eu mando chamar, aqui, ao palácio do Govêrno, o comandante do torpedeiro e o alto funcionário chinês que se encontra em Macau a tratar do assunto, e é V. Exa. quem há de dizer isso diante dêsses homens.

Assim se fez.

Consta tudo isto do documentos que o Sr. Rodrigo Rodrigues conhece, porque os leu;

É essa a tal intervenção em que S. Exa. falou.

Como se vê, o nome de Portugal não foi enxovalhado.

Apoiados.

Referiu S. Exa. que entrara em Macau, achando ali tudo desolado,

Maior desolação encontraria se houvesse entrado em Macau em data alguns meses anterior àquela em que para lá foi.

Eu explico.

Eu tivera autorização para vir à Metrópole tratar de assuntos graves da colónia, que estavam pendentes.

Um e o principal era o incidente do torpedeiro.

Era o nosso Ministro em Pequim que em pessoa viera daquela cidade para Cantão, a fim do tratar do assunto. A Inglaterra auxiliava-nos, outros cônsules em Cantão também, mas o que é facto ê que não havia maneira de resolver o caso.

E, eu que havia muito - talvez estejam alguns ex-Ministros das Colónias que o saibam - instava que me deixassem vir a Portugal, para ver minha mãe, que eu sabia ia morrer; eu, que estava cansado daqueles três anos de responsabilidades tremendas, queria vir entender-me com o Govêrno, e expor-lhe pessoalmente a situação de ordem diplomática, para ver se era possível encontrar uma solução para aquele difícil problema.

Depois de muitas outras dificuldades vencidas, consegui em 22 de Maio, ou cousa que o valha, sair de Macau.

Por um acaso, o vapor em que eu devia embarcar encalhou, teve várias avarias e estava demorado. Eu, que tinha feito entrega do governo de Macau - e que considero essa entrega alguma cousa de importante e grave, que não devia repetir-se, um dia sim outro não, dando-lhe mais valor que o Sr. Rodrigo Rodrigues, que depois de sair clandestinamente de Macau é que escreveu uma carta ao governador interino dizendo que tomasse conta do governo da colónia, porque è esta a noção que S. Exa. tem dêstes deveres, que considera talvez protocolares, mas que são mais alguma cousa do que isso - fiquei instalado no palácio de Hong-Kong, hóspede do governador daquela colónia.

Havia 12 ou 14 dias que aguardava o transporte para Lisboa, quando me chegou a notícia de que em Macau havia acontecimentos muito graves.

Pedi ao governador de Hong-Kong que me dêsse um transporte, e êle cedeu-me o seu yacht de recreio.

Reentrei em Macau, mas então ia assumir as responsabilidades da colónia, porque era o homem que havia sido escolhido pelo Govêrno.

O que se dora em Macau fora um incidente de rua, umas prisões o seguidamente a exigência dos chineses para que fossem soltos determinados presos. A autoridade não anuiu a êsse desejo, os chineses agruparam-se em torno da esquadra de polícia, a autoridade prudente e calmamente aconselhava-os a que retirassem, etc.

Isto durava havia 18 longas horas.

A esquadra de polícia, ocupada por