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sessão de 4 de Junho de 1925 21

do porto resolvido. A oposição tenaz da China, que me levou à suspensão de determinados trabalhos, acabou por ser vencida, e eu invoco o testemunho do Sr. Ferreira da Rocha, que certamente deve estar lembrado dos formidáveis esfôrços que se fizeram para só obter um acordo que permitisse dar realização às ambicionadas obras do porto de Macau.

Foram novo meses seguidos do lutas, ao cabo dos quais os dois delegados do Govêrno Português, Srs. primeiro tenente Cunha Gomos o José Vicente Gomes, sob a direcção do governo de Macau, obtiveram a vitória de realizar o acordo depois de o delegado do Govêrno Britânico, que inicialmente os havia acompanhado, ter desistido por julgar inúteis os seus esfôrços.

O acordo realizado procurou resolver três importantes assuntos que originaram conflitos entro Macau e Cantão: a extradição do criminosos, a passagem de barcos, fôrças e material de guerra chinesas pelas águas do porto e a construção do porto, esta última, já só vê, pendente da delimitação, como não podia deixar de ser e como sucedo de facto com qualquer obra que na colónia façamos. É, porém, tam cuidado o acordo, sob êsse ponto de vista da nossa soberania, que em num trabalho que no meu governo se elaborou para documentação dos nossos direitos são os argumentos extraídos dêsse acordo dos mais valiosos que empregamos.

Uma vez celebrado mereceu às autoridades britânicas uma profunda apreciação: nunca julgaram que Portugal viesse a realizá-lo, porque é preciso que se saiba que há muito tempo era inviável qualquer acordo com o Govêrno Chinês.

E à sombra, pois, dêsse acordo que se estão fazendo, na mais absoluta paz com a China, as obras do porto de Macau.

Referiu S. Exa. ontem que numa conferência realizada dias antes da sua partida em que esteve o Sr. Ministro dos Estrangeiros e outros funcionários recebera instruções no sentido do documento que enviou ao govêrno de Hong Kong.

Eu apresento a essa declaração de S. Exa. uma absoluta negativa; compareci a essa conferência, estavam presentes o Sr. Rodrigues Gaspar, então Ministro das Colónias, Sr. Barbosa de Magalhães, Ministro dos Negócios Estrangeiros, Sr. Gonçalves Teixeira, director do gabinete do Ministério dês Estrangeiros, o Sr. Domingos Frias, director das colónias do oriente, o Sr. governador de Macau e eu.

O Sr. Deputado esqueceu-se naturalmente quando ontem não me mencionou; naturalmente não foi por deprêzo pela minha pessoa, embora o facto da minha ascendência, que tanto mo honra, pareça que só merece a S. Exa. deprêzo.

O Sr. governador do Macia esqueceu-se da minha presença, pois estive lá, e afirma que nem uma única afirmação surgiu nessa conferência que habilitasse S. Exa. a dar o passo que deu.

O acto de S. Exa. é da sua exclusiva o pessoal responsabilidade, acto que não representa um atentado contra os seus deveres do português, porque se o representasse outro seria o meu procedimento que não o convite ao simples pedido de demissão, mas que representa um êrro, um gravo êrro, exclusivamente da sua responsabilidade.

Parece-mo que a Câmara não carece que eu analise êsse documento, êle demais a mais foi lido aqui em voz alta, tornou-se público, está impresso e naturalmente V. Exas. puderam analisá-lo.

Nesse documento há evidentemente uma submissão do Govêrno Português a um governo estrangeiro que não é de aceitar, trate-se de que governo fôr, seja um governo com quem não mantenhamos relações de amizade, seja êle da nossa secular aliada, e então, digo, procedimentos dêstes só são contraproducentes.

Eu na minha carreira, difícil carreira, cheia de obstáculos, tenho, por vezes, tido contacto com autoridades britânicas.

Está presente o Sr. Carlos de Vasconcelos e sabe o que comigo aconteceu nas ilhas de Cabo Verde quando eu ali estava exercendo um comando ainda com uma pequena patente de oficial de marinha.

Tinha a meu lado uma poderosa esquadra britânica comandada pelas mais elevadas patentes.

Um dos almirantes que a comandava ia pouco mais tarde comandar toda a armada britânica que se reunia em Scapa-Flow.

Simples primeiro tenente, comandando uma pequena fôrça de duas canhoneiras e um rebocador, exerci êsse dificílimo papel de representante da soberania portuguesa