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Sessão de 5 de Junho de 1925 7

O caso é de tal natureza fútil que me surpreende que tivesse sido aqui trazido. E sinto-o, porque do lacto é uma quesito como aquelas que o Sr. Cunha Leal classificou perfeitamente de lana caprina, não podendo eu ver o alcance que o assunto teria, porquanto já decorreu sôbre êle bastante tempo.

Mas, Sr. Presidente, do que se trata no fundo?...

Havia em Macau um único colégio para o ensino da mocidade feminina, dos filhos dos portugueses tanto nativos como metropolitanos.

Êsse colégio foi fechado em virtude de um acto revolucionário que expulsou de Macau as professoras daquele colégio. Essas professoras congreganistas foram para a vizinha cidade de Hong-Kong e instalaram ali êste colégio. Em Macau apenas ensinavam a língua portuguesa, a história e o programa das escolas portuguesas em geral. Passando para Hong-Kong começaram a ensinar em inglês e adentro dos programas daquela colónia.

De maneira que se deu então êste fenómeno, perfeitamente criminoso, de se começar a efectuar a desnacionalização, naquilo que representa um vínculo dos mais poderosos duma nacionalidade: a língua; daquilo que representa o substraptum conservador da raça: a mulher!

E assim, Sr. Presidente, a implantação da República - triste é dizê-lo, mas é preciso dizê-lo, para se apreciar bem qual foi o fim do acto criminoso por que fui arguido- a implantação da República naquela colónia teve esta consequência: o acelerar a desnacionalização, já de si tam profundamente agravada naquela nossa possessão do Extremo-Oriente.

Tenho na minha mão um relatório, que com certeza terei oportunidade de, ler, sôbre a questão do ensino. E então V. Exas. verão qual foi o meu pensamento que deu origem ao acto de que fui arguido.

Sr. Presidente: V. Exa. compreende que desde que as filhas dos portugueses passavam a ser educadas num colégio completamente inglês, falando e pensando, portanto, em inglês, estudando a história da Inglaterra, desprezando assim o conhecimento da História Pátria, do todo o conjunto educativo que se grava tam fàcilmente nestas idades e que fica sempre na alma das meninas que, amanhã, hão-de ser as modeladores do carácter e do sentir das gerações seguintes, em pouco tempo, o que podemos chamar o lusitanismo no Extremo-Oriente, que por seu próprio esfôrço se mantém e avigora, tendo conseguido resistir ao abandono a que Portugal o tem votado, êste esfôrço e valor que são os maiores que temos no Extremo-Oriente, ainda mesmo mais valiosos que os 4 quilómetros quadrados de extensão, ou 6, ou 8, ou 10, ou mais, que representam a nossa colónia de Macau; isto que é a garantia da continuidade da nossa raça e também a esperança de podermos restabelecer o comércio com os grandes mercados, pois a grande parte desta gente é constituída pelos caixeiros e gerentes das grandes casas comerciais do Extremo Oriente, que só esperam a oportunidade do poder trabalhar com produtos portugueses, que falam a língua chinesa, a inglesa e a portuguesa, que constituem um valor que nenhuma nação tem, nem mesmo os grandes potentados como a Inglaterra e os Estados Unidos, porque no dia em que abandonem com as suas esquadras ou os seus exércitos as regiões que ocupam, não deixam o elemento predominante o permanente que os portugueses têm sabido deixar nos pontos que têm ocupado todo êsse grande valor que é o luisitanismo - dizia eu - desaparecerá lentamente até extinguir-se!

Os portugueses têm afirmado bem que, se são péssimos administradores, são, todavia, óptimos colonizadores.

E os elementos a que aludi e que precisam ser considerados sob o aspecto económico (e é debaixo dêsse ponto de vista que os encaro), dando-se-lhes todas as condições de expansão do que carecem, estavam a sofrer, como disse, uma profunda desnacionalização, porque em. vez de aprenderem em colégios portugueses estavam a ser educados num colégio inglês.

Conhecedor do facto e tendo-mo alguém chamado a atenção para êle, reconheci que era necessário facilitar u organização de um, colégio que voltasse de novo a exercer a sua função, porque, Sr. Presidente, a desnacionalização é tam grande que não é só nos filhos, nos descendentes de portugueses que a educação inglesa completa, mas já também nos filhos de