O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 5 de Junho de 1925 9

pressamento um mensageiro trazer as actas...

O Sr. Ministro das Colónias (Correia da Silva): - Perdão! As cópias das actas vieram pelas vias oficiais.

O Orador: - São pormenores que não têm importância.

Sr. Presidente: quem ouvisse dizer aqui que eu havia feito um contrato desta natureza, no completo desconhecimento das condições em que se contratou, havia de supor, pelo menos, que eu tinha mal acautelado os interêsses do Estado. Eu vou explicar o caso.

O ópio que vai para Macau é o ópio da India. O número de caixas é fixado por uma convenção internacional entre Portugal e a Inglaterra.

Em certa altura, a Inglaterra recusou-se a mandar para Macau mais ópio, além daquele que já havia sido cedido à colónia.

Apesar disso houve ordem para mandar abrir a praça para a aquisição dum certo número de caixas, e assim se fez.

Mas onde ir adquirir o ópio?

O ópio no Oriente não se adquire em qualquer parte e quando se quere. A questão do ópio é tam importante e melindrosa, que as nações interessadas têm de se reunir em conferências como aquela que se realizou ainda há pouco tempo.

Ora desde que não existia mercado de ópio, como saber o seu preço?

Em todo o caso em Conchavam existia o regime de régie e não seria difícil conhecer aproximadamente o valor do ópio, tal qualmente entre nós é fácil saber o preço do tabaco, dado o contrato existente entre a Companhia dos Tabacos e o Estado.

Mas, mesmo que assim não fôsse, como me podem arguir dum facto que se deu três meses depois de eu sair da colónia?

Como podem atribuir-me a responsabilidade dum facto que resultou da série de mal conduzidas negociações relativamente às questões do ópio e do porto?

Sr. Presidente: Na série de arguições desta natureza, o Sr. Ministro das Colónias fez-me ontem a grave acusação de eu ter abandonado o Govêrno de Macau sem aquela solenidade que S. Exa. desejaria.

Mais uma acusação, entre tantas outras, que S. Exa. certamente não faria se tivesse querido esclarecer-se, ou, pelo menos, ouvir-me, evitando assim de se referir com menos justiça-a um gesto moral de certa beleza que lhe deferiu merecer respeito.

Depois do estar, digamos assim, em relação à vida interna da colónia numa situação depreciativa, entendi que devia vir à Metrópole o esclarecer essa situação, expondo a gravidade do problema, a fim de que o mais levo obstáculo, tanto da parte do Ministro como da parto do partido a que pertenço, em faço da grande obra a realizar, me indicasse então a resolução de não voltar ao lugar. Por isso não queria que quaisquer homenagens ou manifestações, que é costume fazerem-se aos indivíduos que vão em viagem, mo fossem feitas.

Por isso quis apresentar-me quási só, sem êsse cortejo, pedinchoso, que é costumo acompanhar as pessoas que se despedem.

E tal escrúpulo levei em realizar êste gesto, que até, sabendo que a comunidade china desejava procurar-me para me apresentar da parte do Senado as suas saudações, não quis receber essas saudações.

Do maneira nenhuma desejava que me atribuíssem o desejo de receber os votos da comunidade china.

Procedi com todos os escrúpulos para que não fôsse acusado de andar a procurar manifestações de simpatia fácil.

E é isso causa de ser arguido de faltas? Como procedi eu?

Avisei o governador que me havia de substituir o Conselho Legislativo por carta.

Depois disso tomei, tranquilamente, o lugar no vapor, e saí sem querer receber nem essas nem outras manifestações que são de uso na China, e em que os orientais são tam fáceis.

Apresentei-me no meu partido, no Parlamento e ao Govêrno.

Quero dizer ao Parlamento: o meu programa é êste. Julguem-me, para que possa, ou não, voltar para lá.

Disse S. Exa. que tem também em sua casa homenagens que os chineses lhe dirigiram. Eu não tenho nenhuma. Aceitei-as, trazendo-as para o Senado.