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Sessão de 9 de Junho de 1925 21

suas opiniões: sendo republicanos, conspiravam contra a Monarquia, como hoje quem for monárquico não pode desejar a continuação da República.

Não me lembro bem, porque não estava nesta Câmara nessa altura, mas tenho a impressão de que foi V. Exa. quem defendeu o critério de afastar oficiais pela simples desconfiança moral.

Ora imagine V. Exa. o que lhe sucederia, se a Monarquia tivesse procedido assim!

O Sr. Sá Cardoso: - Mas basta ver o que ela fez em 31 de Janeiro.

O Orador: - Também era melhor!

O Sr. Sá Cardoso: - Mas eu não censuro a Monarquia por ela se defender.

O Orador: - Mas como podia a liberal, a tolerante Monarquia, fazer isso ao pé dêste despotismo que aí anda!?

Mas disse V. Exa. que não entrou em mais revoluções, além de 5 de Outubro, porque, tendo entrado no 14 de Maio, considera isso não uma revolução, mas uma contra-revolução.

Ora eu julgo que não há nada pior, em matéria de revoluções, do que um movimento contra um Govêrno que representa a ordem e a disciplina, como era o que estava no Poder no 14 do Maio. Por consequência, não podemos estar de acordo neste ponto, porque, ao contrário do que pensa o Sr. Sá Cardoso, entendo que qualquer movimento tendente a quebrar a disciplina do exército é o mais atentatório da ordem.

Em tais condições, julgo ter respondido ao Sr. Sá Cardoso, que, aliás, nas suas considerações, mais veio demonstrar a noção que tem - e noção republicana! - do que é a ordem.

Efectivamente, S. Exa. entende que é contra a ordem tudo quanto seja contra o Govêrno de que faça parte ou os seus amigos, e, pelo contrário, considera defesa da ordem tudo quanto seja conservar um Govêrno em que esteja representada a Acção Republicana.

Nós temos visto a atitude da Acção Republicana em relação aos governos: apoia os governos até o dia em que a sua queda é iminente, porque nesse dia a Acção Republicana tem um desdobramento de acções, votando uns a favor do Govêrno e outros contra.

Estamos na altura do desdobramento das acções da Acção Republicana.

Tome o Sr,. Presidente, do Ministério nota desta circunstância. É verdade que S. Exa. já teve uma habilidade, conseguindo que, depois de terem sido publicadas nos jornais várias notas oficiosas declarando que a Acção Republicana se manifestava absolutamente contrária ao decreto n.° 10:070, o Sr. Sá Cardoso venha hoje dizer que o Govêrno procedeu muito bem e que êsse decreto merece a aprovação da Acção Republicana.

O Sr. Sá Cardoso: - Se tivesse sido publicada a prorrogação do estado de sítio e suspensão de garantias, eu teria votado contra. Mas não se trata de prorrogação. Foi um decreto declarando um novo período de estado de sítio.

O Orador: - Ficamos, portanto, sabendo que a Acção Republicana foi sempre partidária dêsse decreto de suspensão de garantias.

Sr. Presidente: respondendo assim ao Sr. Sá Cardoso, eu vou referir-me a um importante assunto, para que não possa atribuir-se a êste lado da Câmara a menor sombra de responsabilidades.

Sr. Presidente: a questão dos tabacos é um dos mais graves problemas que o Parlamento tem a resolver.

Estamos a poucos dias das consequências verdadeiramente desastrosas da maneira como a Câmara resolveu a questão dos fósforos, verdadeiramente sem dados que a habilitassem a tomar uma resolução aconselhável.

E contudo a questão dos fósforos tinha uma importância que nem sequer por sombras se parece com a questão dos tabacos.

O Govêrno, pela palavra do Sr. Presidente do Ministério, declarou entender que não é o actual Parlamento quem tem de resolver a questão dos tabacos.

Como V. Exa. sabe, o contrato dos tabacos acaba no dia 30 de Abril próximo futuro.

Ora a nova Câmara só abre em 2 de Dezembro, e tratando-se duma nova legislatura, a questão dos tabacos não co-