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Sessão de 16 de Junho de 1925 21

tão que fui metido numa cela, onde tinha estado o assassino duma autoridade. Conservaram-me aí algum tempo, e senti que tinha morrido para aquele problema. Mais tarde, o homem que foi um grande republicano, o Dr. António Granjo, procurou galvanizar-me para pôr em resolução êsse problema; tentei, mas vi que não era possível, porque o homem que tinha superiormente orientado os degenerados, desde a sua prisão, ficara igualado a êles, e, portanto, sem autoridade para novamente os dirigir.

A terceira vez que o caso se dá é agora. Tomei realmente o problema de Macau a sério, e dediquei-me a êle com amor e entusiasmo, especialmente por ver, em face das nações estrangeiras, a nossa decadência nas colónias. Possuí-me do problema com paixão, mas recebi a paga que V. Exas. sabem - e não daqueles que estão do lado de lá da barricada, mas daqueles que estão a meu lado, ou, porventura, atrás de mim. Reconheço, também, que estou morto para êste problema.

Pois bem: garanto a V. Exas. que nem mais um cargo da Republica que tenha carácter político procurarei desempenhar! Mas não esmorecerá em mim, apesar de tudo, a fé republicana.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem. O orador não reviu.

O Sr. Ferreira da Rocha: - Sr. Presidente: não quero cansar mais a Câmara com o negócio sôbre o porto de Macau - temos cinco sessões sôbre a questão de Macau e a Câmara está cansadíssima - não porque não pudesse rebater, caso a caso, os argumentos apresentados pelo Sr. Rodrigo Rodrigues - mantenho a minha opinião afirmativa-mas porque julgo que a Câmara está já completamente elucidada.

Tenho sincera mágoa, Sr. Presidente, por ver que se trata de um homem que se apaixona pelas obras a que se dedica, mas, homem de Estado e não de paixões, tenho que apreciar a administração do Sr. Rodrigo Rodrigues apenas sob o ponto de vista das disposições legais.

E foi pena que S. Exa. não tivesse aliado às suas qualidades de homem apaixonado e de trabalho as necessárias qualidades de respeitador da lei.

Recuso-me, por consequência, a discutir os casos a que S. Exa. se referiu não o quero fazer, mesmo porque em alguns S. Exa. não tem documentos para me responder à letra, e eu não quero abusar da minha situação, e ainda porque outros não podem ser discutidos sem preparação prévia.

Em todo o caso, quero dizer que não posso dar o meu voto à moção apresentada pelo Deputado interpelante, porque nela se confunde o caso da exoneração do governador com a questão do porto de Macau.

O Sr. Rodrigo Rodrigues: - Não foi essa a minha intenção; quero os dois assuntos separados, porque mesmo que seja a Câmara toda e o próprio País - o que seria um milagre - a pedir-me, eu não voltarei a governar Macau.

O Orador: - Mas eu tenho que cingir-me à letra da moção e, repito, veja nela confundidos os dois casos, não podendo, por isso votá-la, e ainda porque entendo que a demissão do governador foi absolutamente legal.

De resto, a questão do porto de Macau pode ser estudada aqui; S. Exa. é Deputado e pode apresentar um projecto de lei nesse sentido.

Apoiados.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro das Colónias (Correia da Silva): - Sr. Presidente: não quero eu, por forma alguma, ocupar a atenção da Câmara além do tempo que me é devido nesta altura dum debate já tam prolongado; tenho, porém, obrigação de me pronunciar, não para rebater argumentos, porque toda a Câmara presenciou que ao passo que o Ministro das Colónias citou factos e apareceu na Câmara com todos os documentos, lendo os bastantes para confirmar as suas afirmações e pondo todos, como continuam, à disposição da Câmara, o Sr. Rodrigo Rodrigues, negando factos, alegou não possuir documentos, quando foi S. Exa., aliás, quem trouxe, para a Câmara a questão - todos os factos que eu citei estão, pois, plenamente