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Sessão de 16 de Junho de 1925 19

das nossas colónias da índia, ou nos desinteressamos e continuamos a administração que se está fazendo e não podemos ir buscar recursos à navegação que por lá passa, não tendo nem sequer receitas suficientes para o desassoreamento que é necessário.

Quem não tem fó no futuro de Macau? Sou eu, que o encaro com toda a largueza, ou são os que encaram o assunto apenas em relação à colónia?

É êste talvez um dos muitos romantismos de que sou acusado.

Eu vou provar com factos como o meu romantismo era prático, procurando ter a meu lado homens competentes para nortearem o problema, e vou expor as dificuldades que encontrei da parte do Ministério das Colónias.

Disse o Sr. Ferreira da Rocha que não há estudos sôbre o porto de Macau, como não há estatísticas.

É um facto. Pois bem.

Antes de ir para Macau, o governador demitido, logo nas primeiras conversas que teve com o Sr. Rodrigues Gaspar, lhe disse que entendia ser condição indispensável, para uma colónia que era acima de tudo um entreposto comercial, que houvesse um organismo que fizesse os estudos convenientes em relação à colónia e às suas ligações com a metrópole, e que tendo visto toda a organização da colónia não encontrava lá ninguém competente para êsses estudos.

E então eu propunha que fizéssemos alguma cousa, que era novo, mas que devia ir ao encontro do sentimento das classes industriais e comerciais portuguesas.

O nosso comércio e a nossa indústria esperam pouco do Govêrno. Desconhecem na sua maior parte a existência das riquezas que temos nas colónias e têm uma certa desconfiança em todos os relatórios oficiais.

Por isso eu solicitei que se nomeasse uma pessoa indicada pelas associações comerciais e industriais de Lisboa e Pôrto, que essa pessoa fôsse à colónia e ali observasse os diversos problemas, especialmente o do estabelecimento de uma carreira marítima e comercial entre a metrópole e Macau, enviando ao mesmo tempo um relatório sôbre o assunto às entidades por quem tinha sido nomeada.

Numa palavra, que se pusessse alguém competente ao lado do Governador, para com êle tratar de assuntos desta natureza.

Fiz a proposta ao Conselho Legislativo e fui às associações de Lisboa e Pôrto.

A Associação Comercial de Lisboa não compreendeu bem o problema, mas as Associações Comercial e Industrial do Pôrto reuniram e ficaram admiradas que houvesse uma tal parcela de bom senso. Não acreditaram; mas dizendo-lhes eu que ia com assentimento do Sr. Ministro, ficaram convencidos de que isso seria uma realidade e escolheram êsse homem, que julgaram ser o mais competente.

Como já disse, fiz a proposta ao Conselho Legislativo, e ela foi aprovada, ainda que com uma certa desconfiança de que se tratasse de um nicho para alguém. Veio para a metrópole, demorou por cá meses sucessivos, e, por fim, o Conselho Colonial deu-lhe o seguinte parecer:

Leu.

Procurei também criar um Conselho Económico, composto pelas seguintes pessoas:

Leu.

Pois bem, sôbre esta criação, que se me afigurara em extremo vantajosa, o Conselho Colonial disse o seguinte:

Leu.

E perante êste parecer, S. Exa., o Ministro, deixou suspensa a sua resolução, preguntando ao governador se da efectivação da sua idea resultaria êle ficar mal colocado perante qualquer compromisso que já houvesse tomado.

Aqui tem V. Exa., Sr. Presidente, e como esto caso podia trazer quási todos, como foi que o Conselho Colonial procedeu, a quem aliás não nego a ponderação que costuma pôr nas suas resoluções, mas sabendo-se que é a maneira como se apresentam as cousas que actua na maioria para ser tomada qualquer resolução.

Foi por isso que, como disse, me senti ilaqueado.

De todas as providências apresentadas só uma deixou de ser rejeitada.

Vou terminar, Sr. Presidente, deixando, evidentemente, de me referir a muitos assuntos; não quero, porém, deixar de frisar a questão do memorandum.

O memorandum só quem o não quiser ler, só quem não quiser conhecer os seus antecedentes é que não reconhece as in-