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20 Diário da Câmara dos Deputados

tenções com que estava o Govêrno Inglês em relação a nós.

Êstes casos - mais uma voz o acentuo - discutem-se em face de números e de documentos, com a ponderação e estudo devidos. Serão V. Exas. que aqui tomaram um conhecimento muito rápido do assunto que virão considerar romântico, imponderado, insensato, tudo o que um homem que ali esteve com uma dedicação máxima, a estudar os assuntos, a ouvir todos os que nêles se interessavam, a procurar conhecer o que em relação a nós, portugueses, havia de ambições e de desejos? Não! É preciso que dêmos aos outros a parcela de justiça que queremos que se faça a nós! Eu não quero elogios. Magoam-me até os elogios que me dirijam os que vêm dizer-me que me consideram honesto e bem intencionado, porque honestos o bem intencionados somos todos nós! O que eu quero é quê me façam, pelo menos, a elementar justiça de me considerarem tam honesto, tam bem intencionado, tam patriota e tam republicano como V. Exas.! (Muitos apoiados).

Sr. Presidente: eu vou terminar o mais breve possível neste discutir desarrazoado dum assunto que era tam interessante, mas que não deve prolongar-se. Fica para a Câmara a impressão de que o caso da demissão do governador não tem importância, a não ser talvez' pela forma como foi feita, mas há um problema que frisei aqui e que não pode deixar de apaixonar profundamente todos os que se interessam pela nossa terra: é o internacional. É êste um grande problema, que reveste a maior magnitude. Não podemos viver isolados e aproveito agora o ensejo de responder à arguição do Sr. Ferreira da Bocha, quando S. Exa. disse que ou tinha a mania do estrangeirismo. Não a tinha; o que quis o quero sempre é evitar cousas futuras que desagradáveis nos possam ser.

Andei a negociar um acordo para a uniformidade de armamento com Hong-Kong. Aprroveitei a ocasião de lá estar o Sr. Gomes da Costa e pedi-lhe para saber se era possível fazer a uniformidade dêsse armamento.

Conhecia a situação delicada que o meu antecessor tinha lá encontrado. Compra-se material de guerra e não temos navios para o transportar, E um verdadeiro

museu ali. Cada governador compra lá o que quere. Mas é um museu que ninguém se entende nele.

Ora V. Exa. HS compreendem que à palavra dever andam ligadas as de ponderação e inteligência. Era aquela uma das negociações que eu trazia para apresentar ao Govêrno Português e não descansarei um momento. O Sr. Ferreira da Bocha acusou-me da minha vertiginosa acção o disse que foi ela que me prejudicou. Se assim foi, bem haja a afirmação que eu fiz de querer trabalhar num meio em que não há, por vezes, a coragem das responsabilidades!

Sr. Presidente: quando a gente lê a nossa História o procura inspirar-se no passado para nortear a sua acção no futuro, vemos em cada página casos desta natureza, em que indivíduos que trabalham e se dedicam a urna causa são mal compreendidos e às vezes anulados. A dificuldade está só em escolher nomes, porque êles são aos centos, infelizmente!

Mas ainda recentemente, quando os propagandistas da idea republicana vieram dizer ao povo que raiava uma era nova e quando esta idea apaixonou a gente do povo, alguns rotos e expoliados, houve alguém que cercou êsses homens, formando como que uma barricada...

O Sr. Brito Camacho (interrompendo): - A mim era para me matarem... V. Exa. bem sabe. Isto é uma simples anotação à História...

O Orador: - Na ocasião duma eleição houve um homem da natureza dêstes, que, procurando defender o direito do sufrágio, foi morto por uma bala da guarda republicana e pôde ainda escrever com o seu sangue numa parede um viva à República. E a República vive, viverá, creio-o firmemente! Mas é preciso que os exemplos nos sirvam!

Apoiados.

Eu considero-me em política um morto (Não apoiados). Fui chamado a exercer funções na República por três vezes. Duma dessas vezes, quando tratava de organizar a Penitenciária como um estabelecimento de produção fabril para os presos, com uma colónia agrícola em Alcácer do Sal e promovendo as levas para irem trabalhar para as estradas, foi en-