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14 Diário da Câmara dou Deputados

tro, a quem se deve a deprimente situação em que ainda hoje nos encontramos, para criar uma irredutibilidade bem dispensável nesta hora.

Foi também arvorando o estandarte da moralidade que nos surpreendeu na manhã do 18 do Abril um movimento de correligionários, que diziam pretender moralizar " normalizar a vida do País e salvar a Pátria.

Devo dizer que, infelizmente, essa bandeira desenrolada 031 no mo da alta moralidade nacional não correspondia, nem podia de forma alguma corresponder à confiança do País.

Sabem V. Exas. que há alguns anos houve- neste País um movimento revolucionário que também tinha por lema moralizar os costumes da sociedade portuguesa. E êsse movimento apenas estrangulou as liberdades que a República proclamou para o povo português.

A prova do que os revolucionários de 18 de Abril procuravam cometer um crime è que diziam que todo o País estava rio propósito de fazer êsse movimento.

E num dos soldados ouvi eu dizer que de forma alguma êstes se envolveriam nnm movimento do carácter revolucionário.

Houve um homem que faltando à sua palavra, tantas vezes dada, apareceu à frente dêsse movimento com mais dois oficiais que não ofereciam garantia alguma para a República.

É fácil fazer revoluções; mas ser estadista é mais do árduo que muitos supõem.

Eu tenho visto passar por ali, por aquelas cadeiras, muitos homens públicos que nem sempre tem correspondido ao, que o País esperava.

O movimento do 18 de Abril foi um movimento militarista, mas que não oferecia a mais pequena garantia.

E basta ler o manifesto por êles publicado para ver que mio havia nêle a verdadeira fé republicana.

A sociedade portuguesa marcha num caminho de desordem.

Daí resulta a falta do confiança pelo dia do amanhã, mas nunca a falta de confiança no regime.

Nós presenciámos no tempo da Monarquia esta cousa verdadeiramente monstruosa: a de haver um par do reino acusado d.e falsificar notas do Banco de Portugal; e êsse escândalo, em vez do ser ventilado, foi abafado.

O Sr. Cancela de Abreu: - Não apoiado! Isso não foi assim!

O Orador: - Êsse homem não foi aos tribunais criminais, mas foi julgado pelos seus iguais na Câmara dos Pares, que usaram de todos os processos para o absolver.

E todavia a sociedade portuguesa sabia que o Sr. Mendonça Cortês era um falsificador de notas.

A diferença entre a Monarquia o a República é esta: a Monarquia abafava os escândalos e a República mostra-os à luz do dia.

Os crimes da Monarquia foram de tal monta que em condições nenhumas podem esquecer à sociedade portuguesa; o os Srs. parlamentares monárquicos esquecem-se, quando falam dos escândalos da República, do que são os menos autorizados para nesse ponto atacarem o regime republicano.

Não há um único acto da administração republicana que aqui não tenha sido ventilado.

Não há um único Deputado republicano que não tenha clamado para que os criminosos sejam punidos; e só muitas vezes o não são, isso se deve ainda à Monarquia, à engrenagem que a Monarquia montou e quê a República não tem tido ocasião de escangalhar em quinze anos de existência.

Muitas vezes sucedo que os criminosos do regime republicano são submetidos aos tribunais e aí absolvidos por juízos que continuam a servir a causa monárquica.

Estamos numa época em que realmente se passam casos bem lamentáveis na sociedade portuguesa que, do longa data contaminada pela Monarquia, encontrou o cancro da guerra, fermentando êsse micróbio terrível da desvergonha em que a maior parte das pessoas infelizmente chafurda.

Mas, regra geral, não são os homens que estão desde novos ao serviço do regime republicano que dão êsse contingente de criminosos.

Aqueles que têm envergonhado a República e lhe fazem correr sérios perigos não são os que se bateram, os que sofro-